Alexandre Lacerda – A Palavra em Falta

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O Andebol é hoje na Região de Aveiro uma modalidade de referência.

Como resultado da qualidade, do empenho, da dedicação de muitos que a ele se têm dedicado de forma exemplar ao longo dos anos.
Atletas, Treinadores, Dirigentes, Árbitros, Oficiais de Mesa, mais todos aqueles que quotidianamente contribuem, de forma desinteressada, para o desenvolvimento desta modalidade.

No início da década de 70, tive o privilégio de ter como treinador o Lacerda, que pelos seus conhecimentos e pela sua capacidade de inovar, deu a uma nova geração de andebolistas aveirenses as mais-valias necessárias para potenciar um trabalho diferente encetado pelo Dr. Diamantino Dias no Beira-Mar (na continuidade de muito que já anteriormente tinha sido possível fazer por outros agentes da modalidade).

O Lacerda estava a prestar serviço militar em Aveiro, e era um excelente andebolista (da escola do também já saudoso Armando Campos), com algumas incursões de qualidade no atletismo, nomeadamente no lançamento do dardo.

Houve quem tivesse a capacidade de antecipar o contributo que ele podia dar nestas vertentes aos jovens aveirenses, e essa capacidade reconheço-a a um dirigente de excelência da altura do Beira-Mar, o Sr. Gonçalves.

O Lacerda teve também a sorte de contar com a vontade e a qualidade inata de muitos que nessa geração construíram uma realidade que hoje temos o orgulho de ver continuada e melhorada.

Aprendemos a fazer bloqueios, aprendemos que o Andebol é um desporto colectivo, aprendemos que o treino é fundamental para o sucesso, aprendemos a ter coragem no momento das adversidades e alegria contida no reconhecimento do mérito que as vitórias nos granjearam.
Aprendemos jogadas estudadas, momentos colectivos que baptizámos de forma que todos hoje ainda lembramos, com saudade e emoção, a “ramalha”, o “martelo”, e tantas, tantas outras memórias.

Como eu, estou certo que muitos se recordam desses momentos que marcaram o arranque de um projecto que o Andebol de Aveiro nunca mais deixou morrer. Uma nova fase, de qualidade, em que passámos a competir de igual para igual com quem liderava o Andebol Português. Em que conseguimos aproximar a chamada “província” das ditas “capitais”.

Infelizmente, o Alexandre Lacerda depois de muitos anos de luta forte, á sua medida, contra uma doença que não o largou, em combates que se sucederam nos últimos anos, deixou há poucos dias o nosso convívio.
Poucos o terão sabido, e foi pena.

Penso ainda ser tempo oportuno do Andebol Aveirense lhe dedicar – embora tarde – a homenagem devida pelas raízes que ele conseguiu consolidar e desenvolver.

Falo por mim, mas penso também falar pelo Hélder, pelo Bertino, pelo António Carlos, pelo Fernando Rocha, por todos aqueles (e são tantos que a minha memória não ousa “desfiar”) que tiveram o privilégio de com ele conviver e com ele aprender.

Era um tempo de horizontes fechados que o Lacerda nos ajudou a abrir.
Era um espaço de periferia que o Lacerda nos ajudou a encurtar.
Era um espaço novo que o Lacerda nos ajudou a preencher.

Quem o conheceu sabe que muito daquilo que hoje nos orgulha no Andebol de Aveiro, na modalidade que elegemos como preferida na nossa Região a ele se deve.

ALEXANDRE LACERDA – não te esqueceremos!

(Ulisses Pereira – antigo andebolista)
19.09.2008

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