Duarte Freitas acompanhou estágio da selecção da Noruega

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Pelo segundo ano consecutivo, a selecção nacional sénior feminina da Noruega escolheu Portugal para a realização de mais um estágio de preparação. Desta vez, Thorir Hergeirsson escolheu a cidade de Lagos – que reúne um conjunto de importantes requisitos procurados pelos responsáveis noruegueses – em detrimento de Lanzarote, onde tinham estagiado anteriormente.

O protocolo existente entre a Federação de Andebol de Portugal e a sua congénere norueguesa permitiu que Duarte Freitas, responsável técnico pela principal selecção nacional feminina portuguesa, acompanhasse de perto e durante cinco dias o trabalho desenvolvido pela formação norueguesa.

«É importante que tudo o que vivi e pude observar durante esse período seja partilhado por todos os que estão mais ligados à modalidade. Foi uma experiência muito enriquecedora», confessa Duarte Freitas.

«Nem todos têm a oportunidade que eu desfrutei, para se deslocarem até Lagos e observarem o que diariamente faz uma selecção com o nível da Noruega. Uma oportunidade que eu tive, como o João Florêncio, treinador do Gil Eanes, que diariamente marcava presença observando o trabalho dessa selecção nas diferentes sessões de treino».

Duarte Freitas não perdeu pitada do que o seleccionador nacional norueguês, Thorir Hergeirsson, e a extensa equipa técnica, composta por oito elementos, pôs em prática no estágio que decorreu entre 6 e 18 de Junho e colheu interessantes apontamentos.

«Uma das primeiras coisas que me saltou à vista foi o elevado volume de trabalho, com a realização de dois treinos diários, realizados em pavilhão e pista/ginásio. Treinos com a duração de duas horas, que muitas vezes se estendiam por mais 15 ou 20 minutos, e com muita incidência sobre o trabalho individual».

Quanto à organização do treino e princípios, «são idênticos aos nossos». A grande diferença, sustenta Duarte Freitas, «tem a ver com a interpretação por parte das atletas, com muita concentração e empenho durante todo o treino e em qualquer tarefa. Podemos dizer que revelam uma pré-disposição para o treino muito elevada».

O empenho e predisposição são tão grandes que «o primeiro pensamento que nos vem à mente é que as atletas serão todas profissionais, no sentido que o Andebol será a única ocupação diária que elas têm e que, para atingirem este nível, terão que o fazer em regime de exclusividade». Mas, uma breve conversa com os responsáveis nórdicos deita por terra esta convicção. «Foi-nos transmitido que das 22 atletas presentes, apenas cinco ou seis fazem do andebol a sua actividade exclusiva. Todas as outras, tal como as portuguesas, estudam ou trabalham. Têm uma particularidade muito clara – o andebol é a prioridade delas, esse é o seu ‘profissionalismo’».

MUITA RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL

Durante os dias em que acompanhou o trabalho das norueguesas, Duarte Freitas constatou «uma responsabilização individual muito grande, em especial no trabalho de condição física (ginásio e pista), onde cada atleta tem o seu plano individual e se responsabiliza pelo seu cumprimento». O seleccionador de Portugal percebeu que «antes de ser jogadora de andebol, cada uma daquelas jovens é uma atleta. Esse é um princípio – para poder jogar andebol com as exigências que se conhece, tem de haver por trás um trabalho físico bem planeado».

Mas houve outras coisas que saltaram à vista de Duarte Freitas. «Todas as atletas, sem excepção ou contestação, realizavam o percurso entre hotel e local de treino utilizando para o efeito a bicicleta». Outro pormenor relevante prendeu-se com a conciliação da vida desportiva com a actividade escolar. «Num dos dias de estágio, realizava-se na Noruega um exame nacional de determinada disciplina. Pois, à mesma hora que na Noruega todos os estudantes faziam o exame, duas das jogadoras, sob a supervisão do psicólogo, realizaram o exame em Lagos, sem terem que interromper o estágio. Estamos a falar de culturas diferentes, que valorizam a actividade desportiva e em especial o andebol, visões distintas da nossa e que, em pequenas coisas, fazem a grande diferença».

Para Duarte Freitas, só foi pena que «por razões de variada ordem, não tenha sido possível trazer ao estágio algumas atletas portuguesas com maior qualidade, para sentirem bem de perto todo aquele ambiente. Esperamos que no próximo ano essa presença seja uma realidade, nem que apenas para uma única atleta».

Um desejo que poderá não ser fácil de concretizar já que, nessa ocasião, o estágio que a Noruega realizará em Portugal será um dos últimos de preparação com vista aos Jogos Olímpicos de Londres – 2012.

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