Portugueses na Europa: Patrícia Lima e Jorge Silva relatam a situação no país vizinho devido ao COVID-19

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Patrícia Lima, jogadora do Mecalia Atlético Guardés e Jorge Silva, que representa o Balonmano Sinfín, descrevem o que tem vindo a acontecer em Espanha desde que surgiu o vírus Covid-19 e dão a conhecer o que poderá suceder até ao final desta época desportiva.

A pandemia de Covid-19 está a afetar fortemente Espanha, que já é o segundo país do mundo com mais mortes devido a este vírus. Os campeonatos de Andebol – e o Desporto em geral – também estão suspensos desde meio de março e, à semelhança da realidade nacional, sem data de regresso.

A internacional Patrícia Lima, que joga pelo Mecalia Atlético Guardés, conta que “os primeiros tempos aqui em Espanha foram muito equivalentes aos primeiros tempos em Portugal. Como eram poucos casos, o assunto não era muito referido, principalmente porque o sítio em que vivo é uma comunidade relativamente pequena, o que fez com que o início não fosse sentido tão intensamente”, descreve a jogadora.

Jorge Silva, que alinha pelo Balonmano Sinfín, confirma o mesmo cenário: “Os primeiros casos não foram muito alarmantes, mas a partir do momento em que começaram a haver mortes por este vírus, o estado tomou logo medidas”. 

O último jogo do Mecalia Atlético Guardés foi no dia 8 de março, partida a contar para a Challenge Cup e este clube espanhol suspendeu os treinos a 12 de março. “Depois do dia 12 nós tínhamos planeados 4 dias de descanso e retomávamos o trabalho no dia 17, sendo que, com a evolução da situação do país, já não retomámos o trabalho”, revela Patrícia Lima.

Eu estou sem treinar com a equipa desde o dia 11 de março”, diz Jorge Silva. “Aqui foram fechando pavilhões e escolas por zonas do país. Na minha cidade foi dia 11, decidido pelo Governo de Cantábria! E dia 14 de março foi declarado Estado de Alarme em toda a Espanha!

Sem data de regresso aos treinos, os dois jogadores fazem a preparação física possível, sozinhos e em casa. Patrícia Lima segue um plano de treino dado pelo clube: “Todos os elementos da equipa estão inseridos numa plataforma gerida pelo preparador físico do clube, sendo que este, todos os dias, introduz o plano de trabalho relativo a esse mesmo dia. Cada atleta tem que realizar o plano de treino proposto e filmar todo o processo, para mais tarde colocar na plataforma. Desta forma o preparador físico consegue analisar o trabalho realizado pelas atletas”, atesta.

Por outro lado, Jorge Silva conta que “Desde que foi declarado o estado de alarme, todos estamos em casa e fazemos o que podemos, exercícios em casa com o material que cada um tenha consigo. O clube está sempre em contato conosco, para saber como estamos e se precisamos de alguma coisa; o contato com os companheiros é por videochamada ou Whatsapp”, descreve o internacional português.

Patrícia Lima teve autorização para regressar ao Porto, onde se encontra atualmente; Jorge Silva permanece em Espanha. Embora em países diferentes, a realidade diária de ambos é muito semelhante.

O meu dia a dia, como o de praticamente toda a gente, sofreu uma mudança enorme. A minha maior preocupação é tentar manter as minhas rotinas, impor horários, continuar com uma alimentação equilibrada e sobretudo manter um nível de atividade física elevado, para que a capacidade física diminua o mínimo possível durante a paragem dos treinos. Neste momento eu encontro-me em casa no Porto, uma vez que me foi dada autorização para voltar depois da paragem dos treinos. Realizei a minha quarentena voluntária aqui e desde então o único contacto físico que tenho é com os meus pais, sendo que reduzi todas as minhas saídas de casa ao estritamente necessário”, assegura. “Utilizo, como maioria das pessoas, as redes sociais para que “o longe se faça perto”. Comunico com todos os meus amigos por videochamada e mensagens e com a equipa temos realizado videochamadas em grupo para mantermos a comunicação. Estamos todos os dias em contacto umas com as outras praticamente”, acrescenta, ainda.

O meu dia a dia é igual ao de todos os Espanhóis”, reitera Jorge Silva. “Temos de estar em casa em todo o momento. Só podes sair à rua se é para ir à farmácia ou ao supermercado, todos os outros comércios estão fechados e podes também sair para passear o cão, mas têm de ser passeios curtos. Se a polícia entende que não estás a cumprir as normas, as multas vão de 600 a 60mil euros!” As videochamadas passaram, agora, a ser uma realidade para o atleta português: “Com isto que nos está a acontecer, não só aqui em Espanha, como em todo o Mundo, mantenho um contato diário com a minha família e amigos através de videochamadas, coisa que não fazia antes de tudo isto!”

Com o futuro incerto até ao final da época, Patrícia Lima revela que em Espanha “estão pensados para já 3 cenários possíveis, em virtude do que possa acontecer neste futuro próximo. A primeira proposta que está a ser discutida é a continuação do campeonato para meados de Junho; juntamente com essa proposta está a realização da fase final da Copa da Rainha em Junho também. Por último, e ao que me parece para já, ser o último plano a ser considerado é o término do campeonato com as classificações atuais. Assim sendo, apenas os acontecimentos futuros vão ditar o futuro do campeonato espanhol”, nota a atleta.

Jorge Silva sustenta esta última possibilidade: “Ainda não está nada decidido oficialmente, mas o mais seguro é que já não haja mais jogos esta época e, para não prejudicar ninguém, não desce nenhuma equipa este ano”.    

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