Antigo atleta do ABC/UMinho cria aplicação de monitorização de exercício físico

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Tomás Albuquerque venceu seis títulos pelo clube minhoto, entre os quais um campeonato nacional e uma Challenge Cup e abandonou a alta competição para se focar na vida profissional; entretanto criou a aplicação Agit, controlada por inteligência artificial.

Tomás Albuquerque tem 26 anos, é natural de Braga e criou a aplicação Agit, acessível para download através do Google Play. O jovem mestre em Engenharia Física com especialização em Ciência de Dados, pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, explica, em entrevista, em que é que consiste esta aplicação que criou, juntamente com mais dois colegas.

“A Agit é uma aplicação móvel que, neste momento, disponibiliza treinos de fitness e, além disso, tem a capacidade de, durante a execução de um determinado exercício, conseguir reconhecer o que está a ser feito e contar as repetições em tempo real usando apenas a câmara do telemóvel. A pessoa faz exercício em frente à câmara e cada imagem que chega é processada, são identificados os pontos corporais mais importantes para nós e a partir daí conseguimos identificar o que a pessoa está a fazer.”

Este projeto, cuja idealização surgiu no final de 2018 e o lançamento no início de março de 2019, permite um acompanhamento permanentemente e em tempo real da performance de cada utilizador, com recurso à inteligência artificial.

“É tudo na base da inteligência artificial e da visão computacional. No fundo, aquilo que nós fazemos é recolher vídeo em cada imagem utilizar algoritmos que, primeiro, nos identificam os 14 pontos do corpo da pessoa – cabeça, pescoço e três pontos em cada membro, braços e pernas – e depois disso, usamos esses pontos para identificar os movimentos (agachamento, flexão, etc.). Ou seja, a finalidade é, mediante o exercício que está a ser feito, sermos capazes de contar as repetições que a pessoa faz. A chave é mesmo a inteligência artificial, a partir das imagens.”

O ex-jogador do ABC/UMinho e também ex-estudante da Universidade do Minho explicou que esta era já uma ideia pensada há muito tempo juntamente com dois colegas ligados ao deporto e à informática. O balanço até agora é positivo mas, segundo Tomás, exige muito tempo, trabalho e paciência.

“Eu e outro dos co-fundadores, o Tiago Santos, sempre discutimos muito esta questão da atividade física e de arranjar formas novas de monitorização que permitissem ajudar as pessoas a ter mais mais motivação para fazer exercício. Achámos então que esta era a nova solução dos tempos modernos, a pessoa só precisar de uma câmara e do telemóvel para o exercício ser altamente fidedigno em termos de relatório final. Temos tido muito trabalho, somos uma equipa de três co-fundadores sendo que um deles ainda é estudante de informática e tem o tempo limitado, e vamos dando um passinho de cada vez. Temos a consciência de que estamos numa área completamente nova, não há soluções deste tipo aos milhões e portanto, achamos que estamos a avançar ao ritmo que conseguimos. Desde que lançámos a aplicação Agit aquilo que verificamos é que as pessoas têm aderido bastante bem. Em 15 dias conseguimos ter mais de 1200 utilizadores e sentimos que o lançamento da aplicação, aliado ao contexto do momento, permitiu-nos ter aqui um avanço interessante.”

Numa altura de isolamento social, a aplicação Agit, que só está disponível para Android, ganhou força já que as pessoas procuram novas formas de praticar desporto em casa, ainda que não tenha sido essa a função principal da criação deste projeto.

“Criámos esta aplicação para que fosse uma forma conveniente para a pessoa fazer exercício em qualquer lugar. Ou seja, o utilizador só precisa de ter o seu telemóvel, arranjar um espaço onde o pudesse colocar, recuar três passos e a partir daí fazer o exercício. O facto de, neste momento, as pessoas estarem em casa ajudou-nos pelo simples facto de que estão à procura de mais soluções que saiam do leque dos ginásios, que ao dia de hoje é a solução mais fácil e que as pessoas usam mais. Eu diria que esta situação ajudou, sem dúvida, porque as pessoas foram à procura de novas soluções e de se reinventarem no exercício e como temos uma solução muito inovadora, para nós foi excelente, apesar da situação em si da pandemia ser tudo menos boa, logicamente.”

Tomás Albuquerque esteve ligado ao andebol e ao ABC/UMinho desde o escalão de Minis até à época 2017/2018, altura em que decidiu abandonar a modalidade. No currículo, o antigo central da equipa minhota, contabiliza seis troféus: um campeonato nacional, uma Challenge Cup, duas Taças de Portugal e duas Supertaças. A jogar ao mais alto nível, a decisão de abandonar a modalidade aconteceu naturalmente.

“Eu sempre tive muitas ambições em ambos os lados, tanto no andebol como no lado profissional, e cheguei a um momento em que pensei que para conseguir cumprir as minhas ambições do lado profissional teria que deixar a prática do andebol. Foi mais fácil porque também já tinha cumprido muitas das minhas ambições na vertente desportiva. Foi um passo que eu decidi dar porque achei que só assim é que iria conseguir avançar com projetos no lado profissional, incluindo o Agit. Claro que custou, mas acabou por acontecer no momento certo, num momento em que eu já tinha vivenciado muita coisa no andebol e considero que foi um caminho natural no meu percurso.

Sobre o facto de poder ter chegado a voos mais altos no andebol, o jovem bracarense divide-se na resposta.

“Diria que sim e que não ao mesmo tempo. Não tenho essa sensação, porque sentia que para dar um salto no andebol precisava de abdicar da parte profissional e isso foi sempre algo que eu nunca quis fazer. E diria que sim, que por vezes sinto que poderia ter ido mais longe no andebol, porque apesar de tudo fui atleta durante muitos anos, conquistei títulos e trabalhava com muito rigor. Isso faz-me acreditar que com um investimento a tempo inteiro no andebol poderia, eventualmente, continuar a jogar ao mais alto nível durante muito mais anos.”

Quanto à paixão pelo andebol, o campeão nacional pelo ABC/UMinho em 2016 não tem dúvidas de que este desporto não sairá da sua vida, também pela contribuição do ambiente familiar.

“Sem dúvida que continuo a ter paixão pelo andebol. Aliás, nós somos uma família de andebolistas. A minha irmã continua a jogar, o meu irmão também jogou durante imensos anos e agora é médico, a minha namorada joga andebol, o namorado da minha irmã também, portanto não há como fugir a este desporto (risos). Por isso, estou sempre dentro da atualidade andebolística e, além disso, a minha paixão pelo andebol e pelo desporto é enorme. Aliás, o facto de eu me ter envolvido logo num projeto ligado ao exercício físico demonstra isso mesmo. Eu nunca desliguei do desporto e do andebol.”

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