“A participação de Portugal neste Campeonato da Europa tem de ser classificada como um sucesso”

PUB

Portugal alcançou a melhor marca de sempre, ao classificar-se no 7º lugar no Campeonato da Europa de Sub20 Masculinos, na Roménia. Rolando Freitas, seleccionador nacional, faz um balanço muito positivo da participação portuguesa neste Europeu.

“Não há Europeus fáceis”

A participação de Portugal neste Campeonato da Europa tem de ser classificada como um sucesso. Apenas a Roménia como organizador e Portugal não tinham estado presentes no último Europeu U18 realizado em 2006 na Estónia e, em função do grupo que nos calhou em sorte, a prova adivinhava-se difícil. Na verdade, o Grupo D era constituído pela Dinamarca – Campeã Mundial U19 e Vice-Campeã Europeia U18 – a Rússia que nos havia derrotado no European Open por 12 golos! de diferença e a Eslováquia que havia sido 11ª no Europeu U18. E, qualquer que fosse o resultado, Portugal haveria de cruzar-se com o Grupo C, onde estavam Alemanha, Croácia, Sérvia e Rep. Checa! Do nosso lado do quadro estavam os que já foram os finalistas nas últimas provas internacionais e aqueles que haveriam de ser os finalistas deste ano. Na verdade, não há Europeus fáceis e todos os que estão cá já ganharam. Havia que aproveitar a oportunidade para jogar com os melhores.

Sempre dissemos que o mais importante para Portugal seria conseguir qualificar-se anualmente para as grandes competições internacionais, já que os jogos aí realizados são uma real mais-valia para os nossos jogadores. E, estar aqui presente é, por si só uma vitória. No entanto, já sabemos que, em Portugal estamos mal habituados. Poucas vezes nos qualificamos e quando o fazemos, passamos do pessimismo e derrotismo retrógrado para o optimismo ilusório e imaginativo. Sendo assim, com os pés bem assentes no chão, foi sempre o nosso objectivo estar em condições de lutar pela vitória em todos os jogos. No final, apenas com a Dinamarca não conseguimos concretizar esse objectivo.

“Portugal ganhou claramente 3 jogos e empatou 1”

Perdeu sem discussão 1 jogo e lutou até ao segundo final nos jogos com a Alemanha e Espanha, perdendo por 1 golo. Marcou mais golos que aqueles que sofreu e conseguiu apresentar um jogo moderno, interessante aos olhos do público e dos experts, e simultaneamente eficaz.

Claro que um dos principais factores que destaca nesta idade é a maior irregularidade competitiva que todas as equipas revelam relativamente às equipas seniores. Isso foi evidente na análise realizada à “marcha do marcador”, a qual foi marcada por diversos períodos com parciais desequilibrados. E Portugal não foi excepção. No entanto, quando no nosso expoente, foi possível defender bem e lançar o contra-ataque, armas que haviam sido apontadas por nós como as principais de Portugal.

“O andebol deixou de ser praticado de forma alternada numa ou noutra área, para o ser em ambas áreas, de forma contínua”

Aliás, neste aspecto, este Europeu forneceu pistas seguras, comprovando aquilo que vimos afirmando há alguns anos que, o andebol deixou de ser praticado de forma alternada numa ou noutra área para o ser em ambas áreas, de forma contínua e utilizando cada vez mais todo o espaço de jogo. Esta pista para o nosso trabalho diário deve ser um indicativo que as nossas equipas não podem treinar mais em ½ campo e apenas uma das fases do jogo. Criar formas de trabalho que incluam defesa/ contra-ataque/ recuperação defensiva é um “must” do treino. Quem o não compreender deve actualizar-se.

Além disso, a preparação individual do jogador é outra das chaves do sucesso. Todas as equipas da Europa tem planos de preparação muito orientados para a construção do jogador ao nível físico. É outro dos aspectos que se torna fundamental. Todos jogam a uma velocidade estonteante, realizando 7 jogos em 9/10 dias e treinando entretanto – 6 a 8 sessões. Isto só é possível evoluindo muito fisicamente. Portugal esteve bem neste aspecto mas ainda tem que progredir mais. Resistência geral e especifica e treino de força devem fazer parte das nossas rotinas semanais, como já o fazem o passe ou o trabalho táctico. É interessante apreciar a evolução dos jogadores desta idade e constatar aqueles que marcam passo e os outros que dão saltos de gigante nesta área.

Outro factor de destaque é aquele que se prende com a finalização. Foi talvez um dos aspectos em que ainda temos uma grande margem de progressão e não só naquilo que tradicionalmente vimos considerando uma fragilidade portuguesa – o remate de 1ª linha – mas também na finalização de 1 contra o guarda-redes. É outro dos temas em que devemos investir.

Sucesso da participação portuguesa

Reafirmo o sucesso da participação de Portugal e assento as minhas ideias nas vertentes que devemos ainda melhorar – trabalho de resistência geral e específica, treino de força, formas de trabalhos que liguem mais fases do jogo e treino de remate.

Reforço a ideia que os projectos que Portugal tem realizado e os parceiros dos mesmos, tem sido decisivos para a evolução do nosso jogo. Constatemos que habitualmente jogamos o 4 Nações com a Alemanha (2º lugar), França (3º lugar) e Espanha (5º lugar), além do ScandIbérico com a Dinamarca (Campeã Europa), Suécia (4º lugar), Espanha (5º lugar) e Noruega.

Patrocinadores Institucionais