Há contos com final feliz e depois há a história da Noruega na principal competição de seleções do Velho Continente na vertente feminina. São já dez medalhas de ouro no Women’s EHF EURO para a Noruega, três delas conquistadas de forma consecutiva. Com um recorde ímpar de nove títulos na maior prova europeia à entrada para esta edição, a campanha brilhante foi premiada, este domingo, contra o mesmo adversário que derrotou para conquistar o título pela primeira vez (1998), e Dinamarca, com o décimo ouro. Impressionante.
Num duelo nórdico que terminou com uma vitória segura por 23-31, as super-campeãs conseguiram conquistar uma pequena vantagem no final da primeira parte, de apenas um golo (12-13) depois de terem estado grande parte do tempo em desvantagem, mas na segunda parte tudo mudou. Uma reentrada digna da maior potência da modalidade, fez a Dinamarca ficar sem argumentos e, depois de agarrar o controlo total do jogo, a vencer 27-20 a 10 minutos do fim, foi uma questão de tempo até a vitória ser confirmada. Henny Reistad assinou oito remastes certeiros e superou a concorrência.
Este foi também um momento especialmente emotivo para Thorir Hergeirsson, treinador de 60 anos, que liderou a equipa norueguesa numa grande competição pela última vez. 30 anos depois do técnico islandês ter tido o primeiro contacto com as seleções da Noruega, tendo treinando a equipa de juniores em 1994; 23 desde que se juntou à equipa técnica da equipa principal em 2001 e 14 desde que assumiu o cargo de selecionador… chegou a altura de dizer adeus. Levou a Noruega à conquista de dois Jogos Olímpicos, dois Campeonatos do Mundo e seis Europeus, entre várias outras medalhas.
A Noruega é, desde há muito, o país que mais títulos conquistou no Women’s EHF EURO, sendo a Dinamarca a sua rival mais próxima nesta lista… com três. Mas o último título da Dinamarca na competição foi conquistado em 2002 e, desde então, a Noruega tem sido quase totalmente dominante, tendo falhado apenas dois troféus em 11 edições.
A líder isolada em troféus individuais no Women’s EHF EURO, a veterana guarda-redes Katrine Lunde, de 44 anos, conquistou o seu sétimo título na prova. Para a experiente ponta Camilla Herrem e o treinador Thorir Hergeirsson, foi o sexto, enquanto Silje Solberg-Østhassel conquistou o quinto e Sanna Solberg-Isaksen e Stine Skogrand o quarto.
No total, nos três principais torneios internacionais [Europeu, Campeonato do Mundo e Jogos Olímpicos] este foi o 17.º troféu conquistado pela Noruega. Para além dos 10 títulos do Women’s EHF EURO, as nórdicas venceram quatro vezes o Mundial e três vezes os Jogos Olímpicos, incluindo o mais recente ouro em Paris2024.
A Hungria é uma das cinco únicas nações que já venceram o Women’s EHF EURO. Em 2012 venceram a medalha de bronze e mais de uma década depois… repetiram-no.
O leque de atletas que a Hungria apresenta nos dias de hoje joga há muito tempo sob o peso das expetativas pelo passado recheado de sucesso: um total de 16 medalhas desde 1957, entre as quais um ouro no Mundial (1965) e outro no Europeu (2000), separados por 35 anos.
Neste EHF EURO 2024 – que a Hungria organizou juntamente com a Áustria e a Suíça – tudo se encaixou. As magiares chegaram às Meias Finais com apenas uma derrota, frente à França, no Main Round e foram derrotados pela Noruega no acesso à grande Final.
No reencontro deste domingo com a França, que foi afastada da Final pela Dinamarca, a Hungria foi feliz na desforra e venceu por 24-25, num jogo verdadeiramente emocionante. As guarda-redes destacaram-se em particular na primeira parte, com a francesa Laura Glauser e a húngara Zsófi Szemerey a somarem mais de 40% de eficácia nesse período. A vencer por 5-3, a França permitiu a reviravolta (5-6), viu-se a perder mais tarde por três golos por dias vezes (7-10 e 13-16) e a liderança magiar durou largos minutos… até aparecer o 22-21 perto do soar da buzina para o final, numa reação à imagem da super-equipa campeã do Mundo. Ao intervalo o resultado ditava 12-13. O equilíbrio perdurou até ao fim e foi a Hungria a festejar a vitória, com destaque para os nove golos de Katrin Klujber, que se sagrou a melhor marcadora do Women’s EHF EURO 2024, com um total de 60 golos.
Jogadoras de seis nações, incluindo as finalistas Dinamarca e Noruega, estão representadas na All-Star Team do Women’s EHF EURO 2024. Emma Friis, Katrin Klujber e Pauletta Foppa somaram a segunda nomeação consecutiva.
A MVP de 2022, a norueguesa Henny Reistad, foi selecionada como melhor central, juntando este galardão aos prémios individuais anteriores, que incluem o de MVP do IHF World Women’s Handball Championship 2023 e o de Melhor Lateral Esquerda do IHF World Women’s Handball Championship 2021.
As restantes atletas receberam as primeiras nomeações em grandes provas internacionais. Este foi o resultado de uma votação dos adeptos através da app Home of Handball, com quase 10.000 votos, e confirmada por um painel de especialistas que inclui as vencedoras da EHF Champions League, Andrea Lekic e Ana Gros, o treinador Per Johansson e dois representantes da EHF.
A guarda-redes dinamarquesa Anna Kristensen, de 24 anos, foi eleita a MVP do torneio.
Ponta Esquerda: Emma Friis (Dinamarca)
Lateral Esquerda: Tjaša Stanko (Eslovénia)
Central: Henny Reistad (Noruega)
Lateral Direita: Katrin Klujber (Hungria)
Ponta Direita: Viktória Gyori-Lukács (Hungria)
Pivô: Tatjana Brnovic (Montenegro)
Guarda-Redes: Anna Kristensen (Dinamarca)
Defensora: Pauletta Foppa (França)
Jogadora Jovem: Petra Simon (Hungria)
Em representação da Federação de Andebol de Portugal estiveram na arena Wiener Stadthalle, em Viena, Miguel Laranjeiro, Presidente, e Miguel Fernandes, vice-Presidente. Pedro Sequeira e Leonor Mallozi, representantes de Portugal nos quadros da Federação Europeia de Andebol marcaram presença na cerimónia de entrega de prémios.
Women’s EHF Euro 2024
Calendário (hora portuguesa):
Bronze medal match
15.12.2024 – 14h15 – França x Hungria, 24-25 (12-13)
Final
15.12.2024 – 17h00 – Dinamarca x Noruega, 23-31 (12-13)
