Objectivos cumpridos: Mats Olsson fala sobre o trabalho das Selecções Nacionais

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– Até agora, qual é o balanço do trabalho das selecções nacionais na presente época?
– Em termos gerais, podemos dizer que, a meio da temporada, está tudo a correr bem em todas as selecções. Nada nos decepcionou, todos estão no caminho planeado – quer em termos de evolução de jogadores, quer de jogos.

– Analisando o trabalho da Selecção A com mais pormenor…
– Começando pela selecção A, começámos pelo estágio com a Noruega, em Setembro, seguidos dos jogos particulares com a Eslováquia lá, onde empatamos os dois jogos e logo começámos com os jogos mais sérios – com a Letónia, para a Qualificação para o Campeonato da Europa Áustria 2010. Nos dois jogos conseguimos os 4 pontos, que era o objectivo. Não era uma tarefa tão fácil como se poderia pensar. Ganhámos com bastante contundência na Letónia, por 6, onde a República Checa teve bastantes problemas e, no final, conseguiram ganhar por 3 golos mas tiveram de trabalhar duro para o conseguir. Para nós, é importante manter toda a esperança a 100% no que diz respeito ao apuramento para o Europeu de Áustria. Já em Janeiro, participámos no Torneio Internacional de Espanha, que, em termos globais, correu bastante bem e dentro dos parâmetros estabelecidos – porque nunca se pode esquecer que há que diferenciar os jogos oficiais de qualificação dos torneios de preparação. Por exemplo, os jogos com Noruega e Eslováquia foram de preparação, os resultados são secundários e o desenrolar do jogo é o primordial. Claro que queremos sempre ganhar. Com a Letónia, foi o contrário: o primordial era o resultado, secundário foi como jogar.

“TORNEIO INTERNACIONAL DE ESPANHA”

No Torneio Internacional de Espanha, quero dizer que não fizemos 3 jogos mas sim 6 partes de 30 minutos. As duas partes contra a Alemanha foram muito boas, falando de números, estivemos a ganhar o jogo até aos 40 minutos e pouco, mas aparte disto, a forma como jogámos e como enfrentámos a Alemanha deixou-me muito satisfeito. Contra a Espanha, no segundo dia, realizámos uma primeira parte muito boa também e chegámos ao fim a perder por 5 mas o jogo era o mesmo, muito equilibrado até ao minuto 20 – a perder por 1, empatados – mas cometemos algumas falhas técnicas e a diferença era de 5 golos ao intervalo. Na segunda parte, tivemos um mau início, perdemos várias bolas e a Espanha ampliou esta margem de 5 para 8 golos e o jogo causou-nos muitos danos psicológicos. Por isso, não fiquei contente com estes 30 minutos, lógico que não, mas com os primeiros 30 sim. E no último jogo, com a Argentina, outra equipa já apurada para o Mundial, fizemos uma excelente primeira parte e ao intervalo já estávamos a ganhar por 9 (21-12) e onde realmente demonstrámos a força psicológica reposta depois dos últimos 30 minutos com a Espanha e do resultado, que era demasiado abundante (14 golos). A segunda parte foi normal, posso dizê-lo, mas foi um jogo mais “caótico”, porque a Argentina começou também a jogar em 5+1, 4+2 na defesa e começou a ser um jogo um pouco mais anárquico e, também por isso, baixámos um pouco de rendimento. Por tudo isto, reafirmo, no Torneio Internacional de Espanha, fiquei satisfeito com 4 partes das 6. A 2ª parte com a Espanha e a 2ª parte com a Argentina perdemos a concentração. De resto, tudo correu muito bem e dentro da linha que seguimos durante todo o Outono.

– Agora em Março, recomeçam os jogos da Qualificação para o Campeonato da Europa Áustria 2010.
– Sim, agora em Março vamos ter dois jogos, nos quais a forma de jogo é secundária e o resultado, primordial. Jogamos primeiro contra a França, em casa. Tenho visto os jogos de França nas Olimpíadas, vi também contra a República Checa e contra Luxemburgo. A selecção francesa está agora mesmo no Mundial a jogar ao mesmo nível que nas Olimpíadas – um nível muito alto, jogando muito bem, muito sério, muito bem concentrado, com uma defesa muito bem colocada e contra-ataques rapidíssimos. Para mim, a França é o candidato nº 1 em termos de jogo para ganhar o Mundial. Jogam melhor que a Croácia, mas a Croácia está em casa e o apoio do público e com a pressão sobre os árbitros não sei se no final a França irá ganhar. Mas logo veremos qual é verdadeiramente a França que vamos ver em Março, porque passaram o que passaram – foram campeões olímpicos, muitos jogadores estão nos clubes a participar na Champions League e ficam muito sobrecarregados de jogos. Quando foram à República Checa, fizeram realmente um mau jogo, com muitos jogadores lesionados, cansados, a República Checa ganhou e fez um bom jogo.

– Quais são as maiores dificuldades perante a França?
– Primeiro quero saber que “tipo” de França vamos ver. Neste momento, da forma como está a jogar na Croácia, é a melhor equipa do Mundo e vamos ter muitas dificuldades em ganhar a uma França neste nível. Mas depois do Mundial, agora quase todos os jogadores, 90% dos jogadores da selecção francesa estão em clubes que estão a participar na Champions League e vão ter 3 ou 4 jornadas da competição e vão voltar, espero, com uma grande carga física para o jogo com Portugal. Acho que podemos ter alguma vantagem nesse sentido. Mas para ganhar à França temos de fazer um jogo do melhor que temos feito, temos de jogar como o fizemos contra a Alemanha, a Espanha e a Argentina, nos nossos melhores momentos. Se juntarmos estas quatro boas partes e jogarmos com as mínimas falhas técnicas possíveis, com uma boa finalização… sim, há possibilidades. Eu tenho a esperança e acredito que podemos conseguir algum ponto contra a França, aqui em casa – esse é o objectivo. Depende de nós mas também depende do estado da França. Por outro lado, sabemos também que a França já perdeu dois pontos e sabe que não pode perder mais, porque seria arriscar ficar de fora. Também não querem correr esse risco e vão estar mais preparados do que contra a República Checa. Além do mais, também o demonstrámos o ano passado quando fomos a França jogar o Torneio Paris – Bercy, perdemos, claro, mas perdemos contra a França com todos os seus titulares. No momento em que começaram a jogar com os suplentes, igualámos o jogo e até ganhámos – o que significa que, quando os melhores não estão, é uma equipa ao nosso alcance.

No que diz respeito ao Luxemburgo, há que levá-los a sério. Perderam todos os jogos mas em termos de jogo, não estão tão mal como se pode pensar. É uma equipa que sabe jogar andebol e todas as selecções que os defrontaram tiveram de trabalhar bem para ganhar o jogo. Mas, com certeza, é nossa obrigação ganhar-lhes no Luxemburgo, não há dúvidas quanto a isto e temos de o fazer.

Em Abril temos um pequeno estágio, enquanto os Juniores A estiverem a disputar a qualificação para o Campeonato do Mundo no Egipto, aproveitamos e juntamos as selecções, também para não haver uma pausa demasiado longa entre estágios. A ideia é, também, possivelmente incorporar algum jogador novo no grupo de trabalho para começar a trabalhar no nosso sistema de jogo.

“A CHAVE É A REPÚBLICA CHECA”

Já em Junho, temos 4 jogos que esperamos ser decisivos. De qualquer forma, o jogo com França é importante, sim, mas não é decisivo. Se ganharmos, ficamos bem colocados mas não estamos apurados; se perdermos, em teoria não se passa nada, porque a melhor forma para nos apurarmos é ganhar os dois jogos à República Checa. Se perdermos, ficamos bem situados mas estamos quase obrigados a ganhar à República Checa fora. Se perdermos com a França e ganharmos as duas vezes à República Checa, estamos apurados – a chave é a República Checa. Eles também o sabem. Vão ser dois jogos muito interessantes, em Junho, e esperemos chegar ao 2º jogo com a República Checa, em casa, para nos apurar.

– Que obstáculos vão ser mais difíceis de contornar perante a República Checa?
– A República Checa é uma equipa que corre muito, que aplica muita velocidade no jogo, tem jogadores de grande envergadura mas, do meu ponto de vista, é muito parecida com a Alemanha. Têm um 6-0 muito fechado, mas normalmente não temos muitos problemas em conseguir abrir esse tipo de defesas. Pelo que vejo agora, a República Checa está ao nosso alcance. Ao observar o Mundial, agora, Portugal empatou com a Eslováquia, que faz parte dos 12 melhores; a Macedónia, com quem perdemos por 1 em Janeiro, depois de 120 minutos de jogo em que tínhamos a possibilidade e não foi possível, está também entre os 12 melhores; significa que o nosso nível, nesse sentido, não está muito longe de estar entre os 12 melhores do Mundo. Com a Alemanha, perdemos por 5 golos. A República Checa anda pelo mesmo nível. Se tirarmos os quatro ou cinco melhores do Mundo – Dinamarca, França, Croácia, possivelmente também a Polónia, na minha opinião – há um grupo de 15 selecções que estão muito próximas umas das outras. Algumas vezes há resultados com grande diferença, como nós contra a Espanha, mas isso não se deve à diferença de jogo, mas sim porque, hoje em dia, em jogos internacionais, jogos de muita velocidade, se o nível psicológico baixa nem que seja 10%, podes sofrer 10 golos em 30 minutos facilmente. O que eu quero dizer é que nós, Portugal, pertencemos a este grupo junto com a República Checa, estamos ao mesmo nível. Temos uns 6 meses muito interessantes pela frente e o objectivo até à data está cumprido, tal como o outro objectivo de evoluir em jogo e incorporar jogadores.

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