Apuramento para o «play-off»: Portugal resistiu até onde foi possível

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Portugal averbou hoje a segunda derrota no grupo 5 de qualificação para o ‘play-off’ do campeonato do Mundo – Qatar 2015 ao perder em Sarajevo, frente à Bósnia, por 31-29. Um resultado enganador, que não espelha o decorrer de um jogo onde Portugal foi superior – e comandou o marcador – durante largo período de tempo. Os portugueses foram, no entanto, impotentes para ultrapassar os ‘inesperados’ obstáculos que se lhes depararam nos minutos finais.

Pavilhão Ramiz Salcin cheio. Pouco mais de 1.100 pessoas, é certo, mas especial protagonismo para a claque organizada, conhecedora da modalidade, incansável no apoio à sua equipa e que viria a ter – notou-se bem nos instantes finais da partida – uma dispensável influência no desfecho final.

Portugal começou com um sete semelhante ao tinha iniciado a partida na Nazaré: Hugo Figueira, Carlos Carneiro, Gilberto Ferraz, Carlos Carneiro, Pedro Solha, Ricardo Moreira e Tiago Rocha, com Fábio Magalhães (que não actuou frente à Letónia, por lesão) a substituir na ações defensivas Carlos Carneiro. E entrou muito bem. Ainda o cronómetro não assinalava os três minutos e já vencia por 0-3. O primeiro golo da Bósnia aconteceu já após o minuto quatro (1-4). Dois erros sucessivos do ataque luso permitiram aos bósnios colarem-se no marcador (4-5), à passagem do minuto sete. Cláudio Pedroso é o primeiro jogador que Rolando Freitas vai buscar ao banco, numa altura em que Portugal segue na frente (5-6). Pouco depois – e numa decisão da dupla de arbitragem que deixou muitas dúvidas – Pedroso é excluído e Faruk Vrazalic empata a seis (12 m.). Quando em superioridade numérica, o técnico bósnio marcava individualmente Gilberto Duarte. E foi precisamente numa situação de superioridade que Faruk Vrazalic, em contra-ataque, colocou pela primeira vez a Bósnia na frente do marcador (8-7, aos 14 m.). A defender bem, Portugal colocava dificuldades à fortíssima primeira linha da Bósnia. A perder por 10-9, com 20 m. de jogo, e em inferioridade numérica, Carneiro dá lugar a Tiago Pereira e pouco depois a Bósnia consegue a primeira vantagem de dois golos.

Rolando Freitas solicita o primeiro ‘time-out’. A perder por dois (12-10) Portugal desperdiça um livre de sete metros mas, no ataque seguinte, Fábio Magalhães volta a colar as equipas (12-11, aos 24 m.). Ricardo Moreira oferece o empate e um ‘chapéu’ a Nebojsa Grahovac. Pedro Portela entra para a ponta direita e Cláudio Pedroso volta a colocar Portugal na frente a quatro minutos do final da primeira parte (12-13). Pedroso repete a dose e completa um parcial de 0-4 que levou o resultado de 12-10 a 12-14. O intervalo chega pouco depois com Portugal a vencer por 13-14.

DUAS EXCLUSÕES FATAIS

Com Pedro Portela, Cláudio Pedroso, José Costa (no ataque) e Fábio Magalhães no sete, Portugal entra bem no segundo tempo e regressa à vantagem de dois golos aos 36 m. (15-17). A pressão sobre a dupla de arbitragem – vinda do banco e da bancada – era bem percetível. Mas Portugal mostrava-se tanto quanto possível imune. Em cima do minuto 40, Pedro Solha amplia de novo para dois a vantagem lusa (17-19). Hugo Figueira para o ataque da Bósnia e, em contra-ataque, Portugal amplia para 17-20, a primeira vantagem de três golos na partida.

O técnico bósnio ‘responde’ com um ‘time-out’. Pouco depois, José Costa sofre falta para livre de sete metros, que o árbitro ignora. Costa reclama e a dupla aproveita a mínima oportunidade, que surge poucos segundos depois, para o excluir. A pressão vinda do banco e bancadas era constante e aumentava conforme o cronómetro avançava. A meio do segundo tempo Portugal seguia na frente (20-21), o técnico bósnio troca de guarda-redes quando a sua equipa perdia por 23-25 (49 m.). Adivinhavam-se 10 minutos finais para ‘homens de barba rija’… Tal como o técnico bósnio, também Rolando Freitas troca de guarda-redes e chama Hugo Laurentino. Com o jogo empatado a 26, Portugal desperdiça um contra-ataque. Na resposta, a Bósnia passa para a frente (27-26), o ataque luso volta a desperdiçar e a Bósnia marca (28-26). Num ápice, tudo se complicou, numa altura em que Portugal (que teve oito exclusões contra quatro da Bósnia) joga em dupla inferioridade numérica.

Mesmo assim, as duas equipas entram nos cinco minutos finais separadas por um golo (28-27). Nikola Prce tira um ‘coelho da cartola’ e amplia com um remate colocadíssimo (29-27, 56 m.). Com a necessidade de arriscar tudo, Portugal expôs-se mais e a Bósnia, em rápidos contra-ataques, aproveitou para levar o resultado para números que não espelham, de forma alguma, o equilíbrio que marcou todo o encontro.

Na equipa da Bósnia, destaque para Nicola Prce, com nove golos; Faruk Vrazalic, o ponta direita recentemente transferido para o ThSV Eisenach , da Alemanha, e melhor marcador da Bósnia da qualificação para o Euro e que este domigo apontou seis golos; e Dejan Malinovic (que joga nos eslovenos do RK Maribor, equipa que disputa a EHF Cup) que marcou igualmente seis golos.

Do lado português, destaque para o coletivo da equipa que apareceu em Sarajevo como tal – uma verdadeira equipa!

Marcha do marcador: 4-6 (10 m.); 10-9 (20 m.); 13-14 (30 m.); 17-20 (40 m.); 24-25 (50 m.) e 31-29 (60 m.).

EM DIRECTO
«Saímos com um amargo de boca»

No final da partida, Rolando Freitas não escondia que deixava o Ramiz Salcin com um amargo de boca.

«Fizemos bastante para vencer este jogo. Tivemos uma boa entrada na partida ao contrário do que tinha acontecido no primeiro jogo, frente à Letónia, na Nazaré. Hoje entrámos bem na primeira parte, saímos bem para a segunda parte, voltamos a entrar bem no início segundo tempo. Conseguimos que na primeira parte, dos golos sofridos, seis foram de contra-ataque, tiveram mais a ver com a nossa falha ofensiva do que a questão defensiva; dois foram de sete metros e apenas sofremos cinco golos de ataque planeado», recordou o selecionador nacional.

«Na segunda parte fomos mais intermitentes, fruto de algumas exclusões que fomos sofrendo, acabando por deixar fugir o jogo na parte final, em parte por responsabilidade nossa – por não concretizarmos determinadas bolas e por não sermos suficientemente fortes em termos defensivos».

Este resultado confirma aquilo que há muito o selecionador nacional vinha referindo – estamos perante um grupo muito equilibrado, com equipas de valia semelhante. «Tínhamos alertado várias vezes para isso e para a valia e aproximação de equipas que, por norma, não se qualificam diretamente, como Portugal. Este grupo tem essas características, com equipa onde todos podem ganhar a todos. Esta situação não é nova para nós, estamos preparados para ela e há que continuar a trabalhar para no futuro fazer melhor».

Qualificação Play-Off Campeonato do Mundo Seniores Masculinos Qatar 2015

Calendário de jogos – Grupo 5

1ª Jornada
30.10.13, 21h00 – Portugal : Letónia, 26-29
31.10.13, 20h00 – Estónia : Bósnia Herzegovina, 26-29

2ª Jornada
03.11.13, 15h05 – Letónia : Estónia, 35-25
03.11.17, 17h00 – Bósnia Herzegovina : Portugal , 31-29 (13-14)

3ª Jornada
02.01.14 – Estónia : Portugal
02.01.14 – Bósnia Herzegovina : Letónia

4ª Jornada
04-05.01.14 – Portugal : Estónia
05.01.14, 15h05 – Letónia : Bósnia Herzegovina

5ª Jornada
08-09.01.14 – Bósnia Herzegovina : Estónia
08.01.14, 19h05 – Letónia : Portugal

6ª Jornada
11-12.01.14 – Portugal : Bósnia Herzegovina
11-12.01.14 – Estónia : Letónia

CLASSIFICAÇÃO:
1.º Bósnia Herzegovina, 4 pts.
2.º Letónia, 4
3.º Portugal, 0
4.º Estónia, 0

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