“Ter as modalidades indoor a pensarem e agir da mesma forma é a melhor homenagem que podemos prestar ao desporto nacional” – Miguel Laranjeiro

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Presidente da Federação de Andebol de Portugal, Miguel Laranjeiro, em entrevista sobre a tomada de decisão transversal às Federações de Andebol, Basquetebol, Patinagem e Voleibol.

As principais modalidades indoor, onde se inclui o Futsal, optaram todas pelo mesmo desfecho para a resolução dos diversos campeonatos. Como se chegou a este consenso?

Miguel Laranjeiro (ML): “As Federações têm vindo a reunir com regularidade para discutir diversas matérias de interesse comum. Este consenso surge com naturalidade e tem em si mesmo, uma mensagem de união do desporto num momento em que a palavra união é tão importante no país e no mundo. Ter o desporto indoor a pensar e agir da mesma forma é a melhor homenagem que podemos prestar ao desporto nacional.”

Contribuir para a saúde dos jovens teve um peso enorme na tomada de decisão tardia

Porque é que só agora tomaram a decisão final?

ML: “Nós percebemos o desconforto e a impaciência que se gerou, mas não podíamos tomar decisões ancoradas em emoções ou previsões. Temos de ser responsáveis e sérios em todas as nossas deliberações. Só podemos tomar decisões fundamentadas em factos objetivos. É verdade que existiam evidências que nos permitiam validar conclusões realistas, mas só agora isso ficou claro, com posições das entidades nacionais e internacionais. É bom lembrar que, entre a preparação e a competição, precisávamos de dois meses para terminar a prova. Pela especificidade da nossa modalidade que não é comparável a nenhuma outra na componente do contacto físico, só agora ficou claro que não podemos usar o mês de maio para preparar a competição e o de junho para competir. Por outro lado, não podíamos defraudar as expectativas de milhares de jovens que todos os dias treinavam em casa, com motivação, acreditando que ainda voltariam a competir. Que liderança seria a nossa se retirássemos a esperança a esses jovens, dando por concluídas as provas no mês de março? Manter os jovens ocupados e desta forma contribuir para a sua saúde física e mental teve um peso enorme no facto de tomarmos a decisão tardiamente.”

Integridade e justiça possível foi a solução encontrada

Qual o critério para não existirem descidas e promoverem subidas?

ML: “Procurámos uma solução que acima de tudo garantisse um mínimo de integridade: não seria justo despromover equipas que tinham esperanças em alcançar a manutenção, assim como seria injusto gorar as expectativas de quem jogou seis ou sete meses acreditando que conseguiria a ascensão à divisão superior. A fórmula é discutível, mas pareceu-nos a mais justa, tendo como fator de destaque o facto de ser um critério desportivo uniforme e transversal a todas as provas no género masculino e feminino.”

Vamos conquistar o futuro

Sente a ausência da competição? A inércia tomou conta de tudo?

ML: “Todos sentimos a falta da competição. Quanto à inércia, posso garantir que nunca se trabalhou tanto como se está a trabalhar agora. Quase que me apetece dizer que a Direção da Federação de Andebol de Portugal e o seu Presidente estão a trabalhar a tempo inteiro para o Andebol. Temos um vasto programa de formação online que tem sido um sucesso e antecipámos o lançamento da Unidade de Saúde e Rendimento. Os Diretores Técnicos Nacionais estão a fazer um trabalho de grande proximidade com os treinadores para preparar o futuro próximo da modalidade. São muitas as decisões que temos de tomar a cada momento para resolver os problemas do presente, mas não menos importante, temos o caudal das nossas energias direcionadas para a preparação do futuro. O futuro é a nossa grande preocupação e é nele que estamos focados e a trabalhar todos os dias. Confesso que estou expectante mas, simultaneamente, muito determinado: pelas diversas conversas que tenho tido com as Associações Regionais, com os Clubes e de forma genérica com todo o movimento associativo, sei que vamos ganhar o futuro e essa é a grande mensagem que temos recebido um pouco por todo o lado. Tenho uma grande confiança no trabalho desenvolvido por todos.”

Tutela tem acompanhado a situação do desporto

As entidades competentes estão atentas aos problemas do Desporto?

ML: “No que nos diz respeito, posso dizer que tem havido um acompanhamento muito próximo, quer do Secretário de Estado, João Paulo Rebelo, quer do Presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude, Vítor Pataco. Conhecem o Desporto e sabem das dificuldades que temos pela frente e os desafios que temos de ultrapassar. Só com a ajuda do Estado é que será possível colocar o desporto de novo no patamar que todos desejamos. Espero que consigam transmitir a todos os responsáveis governamentais a importância do Desporto para toda a sociedade, em especial para os mais jovens. Seria completamente errado que o país, na saída desta situação, deixasse para trás o Desporto. Espero que isso não aconteça porque todos os intervenientes têm uma grande responsabilidade na forma como vamos sair desta realidade.”

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