No primeiro de dois jogos de cariz particular com a Áustria, disputado em Viena, Portugal apresentou um sistema defensivo 6×0 e algumas mudanças no sete inicial, face aos últimos jogos relativos ao Women’s EHF Euro 2022 Qualifiers: Isabel Góis, Mégane Ribeiro, Anaïs Gouveia, Mihaela Minciuna, Maria Unjanque, Beatriz Sousa e Bebiana Sabino.
A equipa da casa entrou melhor e chegou ao 3-1 antes mesmo da Seleção Nacional sofrer uma contrariedade, com a lesão de Maria Unjanque ainda dentro dos primeiros 10 minutos, que foi forçada a abandonar a partida e não voltou a ser opção até ao final, por precaução. A experiente guardiã austríaca Petra Blazek ía dizendo presente mas após sofrer o 5-2, Portugal respondeu com dois golos sem resposta e começava a demonstrar o que queria da partida. Seguiu-se um período com vários ataques falhados da áustria, em que a equipa portuguesa dispôs de diversas oportunidades para chegar ao empate mas acabou por desperdiçá-las sucessivamente, até que, após muita insistência, Mégane Ribeiro assinou o 7-7 a meio do primeiro tempo. Pouco depois, a capitã Bebiana Sabino colocou Portugal a vencer pela primeira vez no encontro, a dez minutos do intervalo (10-11), um resultado que premiava a concentração nos processos defensivos. No entanto, perto do intervalo, a Áustria agarrou dois golos à maior (14-12) e foi com esse marcador que as equipas recolheram aos balneários.
O começo da segunda parte ficou marcado, não só pela estreia da jovem ponta-direta Neide Duarte com a camisola da Seleção Nacional A Feminina, mas também por uma entrada avassaladora da Áustria, que concretizou um parcial de 5-1, chegado à maior vantagem registada em todo o jogo, de seis golos, ao 19-13. A equipa orientada por José António Silva passava pelo pior momento desde o apito inicial mas foi à luta e apontou quatro golos sem resposta (19-17), até aos 45 minutos, com a preciosa ajuda da guarda-redes Jéssica Ferreira, que realizou uma segunda parte de alto nível. Até ao final foi um jogo de parada e resposta, com empates sucessivos e vantagens mínimas após novo parcial de 0-4, Portugal encontrava-se na frente, por 24-25, bem perto do fim. Maria Pereira desperdiçou o 25-26, na transformação de um livre de 7 metros e a última prova de resiliência apareceu nos últimos 30 segundos, quando as lusas impediram o golo adversário e Beatriz Sousa atirou com a baliza deserta para fechar as contas em 25-26.
José António Silva, mostrou-se satisfeito com a exibição da equipa e com o resultado, e salientou o crescimento do coletivo: “Hoje tivemos um excelente teste às nossas capacidades e creio que nos saímos bastante bem. Apesar dos resultados serem sempre importantes e o facto de termos conseguido uma boa vitória trazer alento para o futuro, o mais importante a reter é a evolução que a equipa demonstrou. Para essa evolução contribuem, fundamentalmente, dois factores: um jogo coletivo mais consistente, independentemente das condições em que o jogo decorre, e mais atletas aptas para integrarem a equipa. Para além disso, testamos ainda outras configurações no nosso ataque, com resultados que nos permitem equacionar a sua utilização no futuro.” – atirou.
O líder da Seleção Nacional salientou ainda que há um caminho a percorrer e que o apoio de todos é fundamental: “Temos ainda muito trabalho a fazer, cometemos ainda erros que se pagam caro na competição, mas a minha expectativa é que com mais tempo, ainda consigamos fazer evoluir mais a equipa. O único aspecto negativo, foi a lesão da Maria Unjanque, já que impediu que ela fosse utilizada como estava planeado. Em suma, sem abdicar dos objetivos centrais que tínhamos para este estágio e jogos, conseguimos uma exibição e resultado muito positivos, fruto do trabalho e empenhamento destas atletas e do excelente espírito que se vive na equipa. Temos ainda muito que fazer e a melhorar, mas estamos a fazer o nosso caminho e esperamos contar com o apoio de todos para alcançarmos o sucesso.” – referiu.
A vitória de Portugal teve um sabor especial para todas as atletas, e em particular para Neide Duarte e Soraia Lopes. A experiente ponta-esquerda, atualmente a defender as cores do Boden Handball, da Suécia, regressou às opções da Seleção Nacional após um longo período de ausência e assinou o jogo n.º 50 por Portugal. A última vez que a atleta de 31 anos representou as cores do nosso país foi, precisamente, há três anos, a 25 de novembro de 2018, num jogo contra a Grécia referente à qualificação para o Mundial 2019.
“Estar de volta é muito bom, porque para além de ser o reconhecimento pelo trabalho que estou a fazer no clube, é também a possibilidade de poder fazer parte de um grupo com uma mentalidade renovada e que encara qualquer equipa olhos nos olhos, sem medo de mostrar a nossa verdadeira raça. Desde o primeiro dia, senti-me como se nunca tivesse saído, o que é muito bom. O resultado de hoje foi a prova de que estamos realmente a crescer juntas e a remar na mesma direção. A Áustria é uma equipa que estará presente no próximo Mundial e nós debatemo-nos de igual para igual, recuperámos o resultado e nunca desistimos.” – afirmou Soraia Lopes.
Neide Duarte é, por estes dias, uma atleta feliz após ter cumprido a sua estreia com a camisola da Seleção Nacional ao mais alto nível. A ponta direita de 21 anos, a cumprir a segunda época ao serviço do Madeira SAD teve ainda um papel importante na vitória diante da Áustria, ao apontar quatro golos.
No final, Neide Duarte disse ter realizado um sonho: “É um privilégio para mim estar aqui. É com muito orgulho que concretizo este sonho de somar a minha primeira internacionalização e, ainda para mais, nestes moldes. Não podia ter idealizado algo melhor do que uma estreia a ganhar e poder ajudar a equipa com golos.”
O segundo e último jogo particular com a Áustria está agendado para as 17h10, de Portugal Continental, do próximo dia 27 de novembro, também em Viena.
Calendário
Jogos de Preparação
Áustria – 25.11.2021 – 17h10 – Áustria x Portugal, 25:26 (14:12)
Áustria – 27.11.2021 – 17h10 – Áustria x Portugal
© Fotografias: Xavi Vegas.