Portugal mantém o registo invicto após a estreia no Main Round do 2024 IHF Women’s U20 World Championship, ao empatar com a organizadora Macedónia do Norte, a 28 golos, num duelo marcado pelo desperdício no qual a equipa lusa esteve a perder por cinco golos. Valeu a resiliência nos últimos minutos para manter perfeitamente vivo o objetivo de avançar para os Quartos de Final.
Segue-se um duelo com a Islândia, esta terça-feira, em que a turma portuguesa depende apenas de si própria para chegar ao lote das oito melhores seleções sub-20 do Mundo. Nesta altura, o goal average é favorável a Portugal em relação à Macedónia do Norte (+3 vs -12).
7 inicial: Matilde Rosa, Luana Jesus, Carmen Figueiredo, Constança Sequeira, Luciana Rebelo, Júlia Figueira e Sofia Ferreira.
Matilde Rosa voltou a mostrar serviço desde cedo, com duas defesas nos primeiros três minutos, mas Portugal não correspondeu no ataque (0-1) e viu a seleção ‘da casa’ abrir o ativo. No minuto seguinte apareceu a primeira exclusão do jogo, para Joana Semedo, mas, mesmo, assim a equipa lusa conseguiu passar para a frente, com dois golos de Luciana Rebelo (2-1).
Aos 7’ a vantagem de Portugal aumentou para dois golos de forma inédita (4-2), depois de melhorias na defesa mas também com a guarda-redes algarvia num patamar superior. Não demorou a aparecer nova exclusão para Portugal (Júlia Figueira) que ajudou a seleção da Macedónia do Norte a trazer a reviravolta (4-5), com responsabilidades para a baixa eficácia no ataque português.
As macedónias chegaram pela primeira vez aos dois golos à maior (4-6) já para lá dos 10 minutos, José António Silva optou por não parar o jogo e as lusas responderam com dois golos de uma assentada para anular a desvantagem (6-6), com Luana Jesus e Sofia Ferreira a estrearem-se na lista de marcadoras. Portugal tinha melhorado mas ainda estava algo longe daquilo que o treinador luso certamente pretendia e a guardiã contrária, Matea Churlinovska, ainda complicada mais a tarefa. O pedido de time-out de Portugal acabou mesmo por aparecer perto dos 20’, depois da Macedónia do Norte ter repondido com um parcial de 0-2 (8-10), com a precipitação no ataque português a ser a principal dor de cabeça.
Aos 27’ apareceram as primeiras exclusões para a Macedónia do Norte, no espaço de poucos segundos entre si, depois de quatro consecutivas para Portugal. Ora, as Lusas tinham assim via aberta para voltarem à liderança… e corresponderam, no meio de alguma instabilidade.
Intervalo: 14-13
Portugal abriu o ativo na segunda parte (15-13), mas a Macedónia do Norte respondeu com um parcial de 0-3 após sete minutos. O cenário pior ficou quando apareceu o 16-18 (40′) numa altura em que a eficácia de remate era de apenas 50% para cada lado.
Aos 42’ e com o marcador em 18-19, a Seleção Nacional voltou a ficar com menos uma atleta durante dois minutos – pela quinta vez no jogo – e a Macedónia do Norte aproveitou para atingir três inéditos golos de vantagem (18-21). Mais tarde repetiu-se a história: mais uma exclusão e mais um patamar desbloqueado pela equipa caseira (19-23), desta vez de quatro golos, depois de uma defesa da guarda-redes Matea Churlinovska, a cerca de 15 minutos do fim.
Com 49’ jogados, José António Silva orientou a defesa para ‘incomodar’ as ações da influente lateral Borjana Koceva e resultou, com Portugal a recuperar e a reduzir para o mínimo 24-25, o que motivou um pedido de time-out contrário, aos 53 minutos. Após paragem, nova exclusão para as Lusas, a sétima.
A três minutos do fim, Portugal perdia por 25-28, depois de ver a Macedónia do Norte reagir com competência a uma série de situações de inferioridade numérica, e avançou para uma defesa individual, assumindo o risco… e voltou a resultar. À entrada para o último minuto, Júlia Figueira assinou o 27-28 e as portuguesas ainda acreditavam num desfecho feliz.
Após um time-out macedónio, Portugal ganhou a bola na defesa, Júlia Figueira empatou a partida a trinta segundos do fim (28-28) e, logo depois, voltou a ficar com posse de bola após uma defesa de Matilde Rosa. José António Silva preparou os derradeiros 18 segundos em time-out. Da paragem saiu uma jogada estudada que não resultou por pouco e no final houve divisão de pontos.
Resultado Final: 28-28
MVP: Matilde Rosa – 16 defesas (38% de eficácia)
Top Scorer: Luciana Rebelo – 9 golos (64% de eficácia) e 4 assistências
José António Silva, técnico que comanda o destino desta geração, abordou as dificuldades sentidas neste encontro mas realça que as lusas nunca viraram a cara à luta: “Como tínhamos antevisto, foi jogo complicadíssimo, num contexto particularmente difícil e dele há vários aspetos a retirar para reflexão: um positivo, que é o fato de termos sobrevivido ao jogo. O outro positivo é o facto de, num contexto muito difícil, no final do jogo, as atletas terem manifestado e demonstrado, mais uma vez, o enorme carácter e vontade que têm para superar as adversidades; e fomos buscar resultado que, muito provavelmente, poucos já esperariam e já dariam o jogo como perdido. Esta equipa habituou-me que nos momentos de crise, tem uma capacidade extraordinária de se reinventar e mais uma vez fizemo-lo. A perder, perto do final, conseguimos ir buscar o jogo e ainda tivemos a oportunidade de poder ganhar no último lance de ataque.”
Sobre os pontos menos positivos, o técnico de 59 anos, revelou outros: “Temos vários aspetos para refletir e temos que reconsiderar e pensar no sentido de fazer crescer estas atletas, que é isso que se espera. Fizemos jogo em que estivemos sempre muito condicionados do ponto de vista defensivo. Muitos contactos, muitas situações que não nos permitiram jogar com a agressividade com que habitualmente fazemos, e naturalmente isso cria dúvida nas atletas. Se tocam, vêm muitas vezes com sanção disciplinar. Se não tocam, permitem aos adversários que passem. Isto condiciona sobremaneira a nossa atuação defensiva pelo que temos de encontrar soluções para isto. O segundo aspeto é o facto de termos falhado muitos remates, não fizemos um jogo brilhante do ponto de vista ofensivo, bem pelo contrário, no entanto, apesar de tudo, criámos inúmeras oportunidades que falhámos, muitas delas na cara do guarda-redes, e temos que os marcar. Não há desculpas, temos que marcar estas bolas.”
Como remate final a este encontro, José António Silva, deixou uma palavra às suas atletas: “O terceiro e último aspeto que eu creio que é importante referenciar é o facto destas serem atletas muito jovens, que estão habitualmente num contexto competitivo que não é tão exigente e, naturalmente, nós temos que ter alguma compreensão para algumas das falhas que elas cometem, porque é um ritmo competitivo, é uma exigência competitiva totalmente diferente daquilo que estão habituados e, por outro lado, manter uma exigência elevadíssima naquilo que são os pressupostos e os princípios de atuação fundamentais da nossa equipa. É deste equilíbrio, e proporcionando a experiência que estas jovens merecem ter de competir a este nível, que nós vamos fazer evoluir a nossa equipa. Ninguém pode esperar que estas jovens se comportem como atletas sénior, experimentadíssimas, batidas, com anos e anos de competição ao mais alto nível e consigam gerir todas as suas emoções. Elas são muito jovens, merecem o nosso respeito, merecem o nosso carinho e merecem a nossa ajuda.”
O próximo desafio da Seleção Nacional sub-20 Feminina será já esta terça-feira, dia 25 de junho, contra a Islândia, a contar para última jornada do Main Round, às 17h00.
2024 IHF Women’s U20 World Championship
Calendário – Grupo G:
19.06.2024 – 10h15 – Portugal x Guiné, 32-18 (15-8)
21.06.2024 – 12h30 – Uzbequistão x Portugal, 25-44 (12-20)
22.06.2024 – 10h15 – Portugal x Montenegro, 34-31 17-17)
Main Round IV
24.06.2024 – 15h15 – Portugal x Macedónia do Norte, 28-28 (14-13)
25.06.2024 – 17h00 – Portugal x Islândia, Canal 11
O IHF Women’s Junior (U20) World Championship 2024 decorre na Macedónia do Norte de 19 a 30 de junho e contará com transmissão integral no Canal de YouTube da International Handball Federation, já todos os jogos de Portugal serão transmitidos em direto no Canal 11.