Dando continuidade ao projeto de organizar momentos formativos em grandes competições, a Federação de Andebol de Portugal, em parceria com a Associação de Andebol da Madeira, promoveu esta sexta-feira, 20 de dezembro, um Colóquio com o tema: “O impacto da participação no Women’s EHF Euro 2024 no andebol feminino em Portugal”. O evento reuniu cerca de quatro dezenas de agentes desportivos no Auditório da Escola Dr. Horácio Bento de Gouveia, no Funchal.
O colóquio foi presidido por Bernardo Vasconcelos, presidente da Associação de Andebol da Madeira e por Vera Lopes, vice-Presidente da Federação de Andebol de Portugal. Contou ainda com a participação das treinadoras das equipas seniores femininas da Madeira: Sandra Fernandes, do Madeira Andebol Sad, e Helena Mendes, do Club Sports Madeira.
O andebol feminino consolidou-se como uma modalidade de referência na Madeira graças a uma combinação de fatores, entre os quais a dedicação dos treinadores, a resiliência dos intervenientes e a visão estratégica para o desenvolvimento da modalidade.
Helena Mendes, treinadora do Club Sports Madeira, destacou que o sucesso madeirense no andebol feminino deve-se, em grande parte, à dedicação contínua dos treinadores ao longo dos anos: “Sempre tivemos treinadores que se dedicaram muito ao andebol feminino, e isso foi essencial para os resultados que alcançámos. Este empenho criou uma base sólida para a modalidade na região.”
Por outro lado, Sandra Fernandes, treinadora do Madeira SAD, realçou a resiliência que caracteriza todos os envolvidos na modalidade na Madeira, especialmente face às adversidades: “Os treinadores, os atletas e os dirigentes na Madeira são extremamente resilientes. Apesar das condições difíceis, como treinar à chuva ou no meio do alcatrão, ninguém desiste. Este espírito é impressionante e inspira o trabalho na modalidade.”
Sandra Fernandes também mencionou a importância do fenómeno geracional para o crescimento do andebol feminino, com filhos de antigos atletas a seguirem os passos dos pais e a tornarem-se exemplos de dedicação e trabalho. Além disso, a Universidade da Madeira desempenhou um papel estratégico, ao permitir que atletas continuassem os seus estudos sem terem de se deslocar para o continente, ao mesmo tempo que atraía treinadores e jogadores para a região.
O projeto do Madeira SAD foi unanimemente reconhecido pelas treinadoras como um marco no desenvolvimento do andebol feminino na Madeira. Para Helena Mendes, este projeto trouxe uma mudança de mentalidade fundamental: “Sentimos que deixámos de ser amadores. As jovens começaram a olhar para o Madeira SAD como uma oportunidade para se tornarem profissionais. Este compromisso foi essencial para o crescimento do alto rendimento na Madeira.”
Sandra Fernandes, que chegou à Madeira há 31 anos para estudar e jogar andebol, sublinhou a atratividade que o projeto tinha na altura: “Naquele tempo, conseguíamos conciliar os estudos com a prática de andebol, e isso era um grande atrativo para as melhores jogadoras nacionais. Era possível pagar os estudos através do nosso trabalho e isso fazia toda a diferença.”
Contudo, Sandra Fernandes salientou que a realidade atual é diferente, com muitas jovens a optarem por estudar no continente e integrar grandes equipas nacionais, o que representa novos desafios para a modalidade na região.
O colóquio contou ainda com intervenções significativas, como as de Ana Franco, coordenadora da formação do Club Sports Madeira e recém-licenciada com o Grau de treinadora Master Coach em Viena, pela Federação Europeia e do Diretor Regional, Duarte Freitas, que reforçou a importância do andebol feminino na região.