Campeã do mundo há três anos consecutivos, campeã olímpica em título e vice-campeã da Europa. Um cartão de visita quase inacreditável que Portugal não teve medo de enfrentar. No acesso à Final do IHF World Championship 2025, a Dinamarca levou a melhor e aplicou a primeira derrota à brilhante equipa lusa ao fim de oito jogos na competição.
Este domingo, os Heróis do Mar terão o derradeiro desafio, num reencontro com sabor especial com a França, a valer uma medalha de bronze, às 14h00 (hora portuguesa), na Unity Arena, em Oslo – transmissão em direto na RTP1.
7 inicial: Gustavo Capdeville, Diogo Branquinho, Martim Costa, Rui Silva, Francisco Costa, Pedro Portela e Victor Iturriza
Depois de um golo para cada lado, uma exclusão madrugadora para Victor Iturriza, ainda antes do segundo minuto, foi aproveitada pela Dinamarca, que chegou à diferença de dois golos (3-1).
Logo a seguir apareceu um cenário profundamente devastador e raro: Portugal passou a ter que jogar cerca de 1’40 com menos três (!) elementos, depois de Francisco Costa e Fábio Magalhães terem sido igualmente excluídos. Mesmo assim, Portugal com paciência e mestria, atrasou a resposta nórdica e sofreu o 5-2, aos 6’. Já de igual para igual, um ataque perdido pelos lusos deram origem ao 6-2. Portugal reagiu e aproximou-se até ao 6-4, à chegada aos 10 minutos iniciais.
Seguiram-se três parciais idênticos: primeiro a resposta dos campeões (8-4), depois um momento de inspiração português (8-6) e nova fuga nórdica (10-6), aos 13 minutos. Paulo Pereira pediu o primeiro time-out nesta altura.
No reatar da partida, Portugal beneficiou de uma exclusão contrária, num período no qual reinou o equilíbrio e foi já em igualdade que António Areia assinou o 11-9 que trazia de volta uma curta diferença de dois golos, já para lá dos 15 minutos.
Aos 18’ a Dinamarca experimentou o 5:1 defensivo mas Portugal adaptou-se e ganhou motivação depois de uma defesa do recém-entrado Diogo Rêma Marques, para se aproximar até à margem mínima (13-12) pela mão de Diogo Branquinho. O consagrado selecionador nórdico, Nikolaj Jacobsen, pediu time-out, com 10 minutos até ao intervalo.
No recomeço, o 5:1 nórdico voltou ao 6:0, o guarda-redes Emil Nielsen chegou às quatro defesas e a Dinamarca beneficiou de uma exclusão para Portugal. Uma sequência de acontecimentos que resultou em nova fuga no marcador (15-12). Até ao final da primeira parte, as duas equipas encaixaram-se, a Dinamarca não ultrapassou os quatro golos de vantagem e Portugal ainda beneficiou de uma superioridade numérica que transitou para o segundo tempo.
Luís Frade e António Areia, ambos com máxima eficácia, eram os melhores marcadores de Portugal após 30 minutos, com três golos. Simon Pytlick e Rasmus Lauge Schmidt lideravam a lista global, com quatro cada.
Intervalo: 20-16
Mesmo com menos um elemento durante alguns segundos, a Dinamarca aumentou a vantagem para cinco golos (22-17). Os campeões não tiveram tempo de desfrutar da igualdade porque apareceu nova exclusão aos 34’ mas foram mais uma vez felizes ao subirem mais um patamar, até a uns inéditos seis golos (24-18). Paulo Pereira parou o jogo ainda antes dos 35 minutos.
A ponderação no ataque português contrastava com a velocidade e intensidade dos ataques nórdicos. Portugal subiu a defesa e viu a Dinamarca chegar aos sete golos (26-19), aos 38 minutos, com Rasmus Lauge Schmidt e Mathias Gidsel a brilharem nesta altura.
Com a ajuda de Emil Nielsen e uma concentração implacável na defesa e no ataque, os nórdicos avançaram para novos máximos, à medida que os erros ofensivos de Portugal iam sendo cada vez maiores face a um contexto complicado. Aos 44’ o marcador ditava 30-20 já com o guardião Emil Nielsen, considerado por muitos o melhor do mundo naquele posto específico, a contabilizar 14 defesas.
Com oito contra-ataques de sucesso a contrastar com os apenas dois de Portugal, a Dinamarca não mostrava sinais de quebra e, à entrada dos últimos 10 minutos, a vantagem chegou aos 11 golos (34-23).
Até ao final, os dinamarqueses não abrandaram, dilataram a diferença para patamares inglórios e, em sentido contrário, os Heróis do Mar ficaram sem forças, quer fisicamente, quer animicamente, depois de terem deixado tudo em campo.
Resultado Final: 40-27
MVP: Rui Silva – 3 golos (75% eficácia) e 5 assistências
Top Scorer: António Areia – 5 golos (100% eficácia)
Paulo Pereira, Selecionador Nacional, sabia que era muito difícil contrariar a superpotência dinamarquesa mas acreditava numa ‘ínfima’ hipótese de lutar pelo resultado durante os 60 minutos: “Nós sabíamos que se fizéssemos bem algumas coisas podíamos ter uma ínfima possibilidade de combater até ao final do jogo, no entanto, a dada altura, não conseguimos manter o nível. Ou seja, uma das coisas era descer um pouco o ritmo de jogo, haver menos posses de bola, embora não deixando de jogar, que foi o que fizemos na primeira parte. Houve ali alguns momentos na primeira parte que não conseguimos descer esse ritmo, que foi quando eles dispararam para os 3 golos ou 4 golos. Aquilo que se percebe é que fisicamente eles são imensamente melhores do que nós e aproveitaram isso para a transição… e nisso eles são fantásticos. Sobretudo o [Mathias] Gidsel, é uma coisa brutal, consegue exclusões, consegue fazer contra-golo e, mesmo jogando um contra dois, ele consegue encontrar soluções.”
Para o técnico de 59 anos, o pensamento já está no próximo desafio: “Temos de trabalhar muito para podermos ser mais competitivos. É certo que, se nós precisássemos de encurtar este resultado, provavelmente lutaríamos até ao fim e geriríamos o jogo de forma diferente. Mas a dada altura percebemos que 10 golos de diferença, quando faltavam à volta de 15 minutos, com o ritmo que estava a ter o jogo, era preferível pensar no jogo seguinte.”
Sobre o próximo adversário, não se esperam facilidades mas a motivação de conquistar uma medalha poderá ser determinante para o desfecho do encontro: “A França é uma das seleções mais tituladas do planeta, estamos a falar de um jogo que irá ser difícil. O que é um facto é que nós, dos últimos seis jogos que fizemos, ganhámos três, perdemos três. Mas temos que estar no máximo das nossas capacidades para ganhar à França. Eles não vão deitar uma medalha fora, vão lutar por ela. Quem tiver mais unhas, quem se conseguir recuperar melhor até lá, vai conseguir vencer. Nós vamos lutar para isso, isso é seguro, porque é uma oportunidade de poder ganhar uma medalha para além do quarto lugar estar garantido e já ser uma excelente classificação.”
Rui Silva, central que enverga a braçadeira de Capitão da Seleção Nacional, destaca que a entrada na segunda parte menos conseguida foi crucial para o desfecho do encontro frente aos tricampeões do mundo:
“Sabíamos que a Dinamarca era muito forte e que queria impor um ritmo alto no jogo e nós tentámos contrariar esses pontos fortes deles. Na primeira parte, se calhar a diferença está nas situações que falhámos aos 6 metros e a segunda acabou por ser difícil. Com os minutos iniciais após o intervalo a serem duros para nós e depois eles não abrandam. Não conseguimos acompanhar e agora resta-nos preparar o jogo de domingo. O tipo de defesa que a Dinamarca tem, o Emil Nielsen lá atrás a defender… claro que cria muitas dificuldades, dá-lhes mais posses de bola, dá-lhes mais possibilidade de correr e contra-atacar e nisso eles são imbatíveis. Mas nada apaga a caminhada que Portugal tem feito até aqui. Nem a luta pela medalha de bronze perante uma velha conhecida de Portugal.”
Sobre o jogo de despedida de Oslo, na luta por uma medalha de bronze, Rui Silva afirma que os Heróis do Mar farão tudo para ‘tentar ser felizes mais uma vez’ mas nada apaga o percurso brilhante que já garantiu o top-4 mundial:
Vai ser um jogo difícil, estamos a falar da luta por um lugar no pódio e é algo espetacular. Só nos podemos orgulhar de tudo o que fizemos até agora e encarar o jogo para ganhar, da mesma forma que fizemos este. Este não correu tão bem, mas eu acredito e nós acreditamos todos que ainda podemos ser felizes mais uma vez e é isso que vamos fazer no domingo. É tentar ser felizes mais uma vez.”
IHF Men’s World Championship 2025
Calendário – Grupo E
15.01.2025 – 17h00 – Portugal x Estados Unidos da América, 30-21 (15-10)
17.01.2025 – 17h00 – Portugal x Brasil, 30-26 (12-15)
19.01.2025 – 19h30 – Noruega x Portugal, 28-31 (13-14)
Calendário – Main Round III
22.01.2025 – 17h00 – Suécia x Portugal, 37-37 (18-18)
24.01.2025 – 14h30 – Espanha x Portugal, 29-34 (16-15)
26.01.2025 – 14h30 – Portugal x Chile, 46-28 (22-17)
Calendário – 1/4 de Final
29.01.2025 – 19h30 – Portugal x Alemanha, 31-30 AP 26-26 (13-9)
Calendário – 1/2 Final
30.01.2025 – 19h30 – Dinamarca x Portugal, 40-27 (20-16)
Calendário – Medalha de Bronze
02.02.2025 – 14h00 – França x Portugal, RTP1
O IHF Men’s World Championship 2025 decorre entre 14 de janeiro a 2 de fevereiro, na Croácia, Dinamarca, Noruega e os bilhetes estão disponíveis AQUI. Para consultar o horário completo do Campeonato do Mundo de 2025 basta clicar aqui.