IHF World Championship 2025: Velhos conhecidos na luta pelo bronze

Comandados de Paulo Pereira jogam pela primeira medalha de bronze da sua história frente à velha conhecida França, este domingo, pelas 14h00 – transmissão em direto na RTP1.

O caminho dos Heróis do Mar chega ao fim este domingo no IHF World Championship 2025 e só há um desfecho possível na cabeça dos portugueses, o terceiro lugar no Mundial. A Seleção Nacional A Masculina está a fazer um percurso incrível na maior competição internacional e apenas conheceu a sua primeira derrota na passada sexta-feira, na Meia Final, frente a nada mais nada menos do que a tricampeã mundial Dinamarca – resultado que não apaga o histórico dos portugueses nesta competição.

Portugal continua a sonhar com a sua primeira medalha e, este domingo, o sonho poderá tornar-se realidade, caso os Heróis do Mar consigam vencer a França, pela quarta vez na sua história. O conjunto gaulês, orientado por Guillaume Gille chega ao encontro da disputa do terceiro lugar, com apenas uma derrota neste Mundial, assim como Portugal, também na Meia Final, frente aos croatas, numa Arena de Zagreb com um ambiente frenético e 15.000 adeptos nas bancadas.

Portugal partilha o mesmo desfecho, ao ter tido resultados positivos nos primeiros sete jogos do Campeonato do Mundo, frente a Noruega, Brasil, Estados Unidos da América, Suécia (empate), Espanha, Chile e Alemanha, acabando por perder frente ao conjunto dinamarquês. A derrota já foi deixada para trás e agora segue-se agora a luta pela medalha de bronze e se de um lado está uma seleção ambiciosa e com vontade de corrigir o resultado nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 (derrota frente à Alemanha por 35-34 nos Quartos de Final), do outro lado está um conjunto português que traz muitos sonhos na bagagem e a ambição de um país que nunca conquistou um lugar no top-4 de qualquer competição.

Portugal tem pela frente o conjunto gaulês, num jogo de uma vida, em Oslo, este domingo, na Unity Arena e na cabeça dos portugueses que vão entrar em campo só está um pensamento: a vitória!

Fábio Magalhães, o atleta português mais internacional no ativo, conta com 193 internacionalizações por Portugal, e é uma referência em campo para todos, tendo feito a sua estreia em 2008, num particular frente à Eslováquia. Desde então somou praticamente duzentos jogos com o emblema de Portugal ao peito. O atleta de 36 anos descreve como é bonito fazer parte desta página dourada do andebol português:

“Quando cheguei à seleção eram tempos difíceis e ter participado de toda esta evolução, de toda a transformação desta seleção e do tipo de resultados que fomos fazendo é muito gratificante. Fazer isso para o nosso país é um orgulho que é muito difícil de por em palavras. [Na altura] quase que não ganhávamos a ninguém, era difícil pensar nessa viragem que foi feita e se calhar até foi um bocado mais… repentina do que esperávamos, porque passámos de não nos conseguirmos apurar a ganharmos a uma França e a conseguirmos a qualificação para o Europeu, mas a partir daí o mindset mudou claramente e conseguimos fazer coisas muito bonitas.”

O lateral direito e especialista no 7×6, sendo um dos maiores decisores nesta nuance tática, esteve presente nos três jogos em que Portugal levou de vencida a seleção francesa, a primeira das quais em Guimarães e descreve o momento de viragem na história da modalidade, com os Heróis do Mar a fazerem o impossível em solo nacional:

“Quem está por dentro, quem esteve cá, sabe que a mudança não foi só aí, foi ao longo dos anos e fomos sempre evoluindo. Mas acho que esse jogo, além de ser a maior vitória desse tempo, dessa transição… Foi um jogo que, a nós, também nos fez acreditar que nos podíamos bater com qualquer equipa e que não havia impossíveis. Apesar de serem, às vezes, teoricamente muito superiores, todos temos dias bons, todos temos dias maus e qualquer coisa pode acontecer. Mas, a partir daí, já mostrámos que não é só os dias bons e maus. Se conseguirmos pôr o nosso andebol em prática, podemos bater qualquer um.

Seguiu-se uma nova vitória no Men’s EHF Euro 2020 – quando Portugal mandou para casa a congénere francesa – na fase de grupos, num momento também de afirmação no panorama internacional. Um ano depois, o momento mais bonito da história nacional: uma vitória frente a França no Torneio de Qualificação Olímpica, disputado em Montpellier, com os Heróis do Mar a marcarem o golo da vitória pela mão de Rui Silva ao cair do pano, agarrando assim a primeira Qualificação para os Jogos Olímpicos da sua história. O internacional português abordou estes encontros cheios de sentimento e acredita que tudo é possível:

“São indicadores positivos, não é?! Foi através da vitória em Guimarães que conseguimos o primeiro apuramento, no nosso primeiro jogo do europeu conseguimos ganhar. E depois também temos esse jogo de apuramento para os Jogos Olímpicos, que é carregado de sentimento, por isso acho que se levarmos um bocado dessas emoções, essa crença, esse coração, como tenho dito muitas vezes, acho que qualquer coisa pode acontecer.”

A primeira vez que França e Portugal cruzaram os caminhos, corria o ano de 2001, e foi num Campeonato do Mundo, onde os portugueses sofreram uma derrota por 18-23. Pelo meio, em 2009, dois jogos de qualificação para o Men’s EHF Euro 2010, terminaram com duas derrotas do emblema luso. E quase 20 anos mais tarde, a história viria a ser diferente, em Guimarães, com uma vitória estrondosa mas, posteriormente, os comandados de Paulo Pereira acabariam por perder no segundo jogo de Qualificação (24-33). Apenas um ano mais tarde, no Campeonato do Mundo de 2021, no Main Round, seria a França mais feliz, mas em Montpellier quem fez a festa foi Portugal, no mesmo ano e desde então que estas seleções não se encontram a não ser em encontros particulares.

Para continuar a fazer história, os portugueses têm que voltar a ultrapassar o mesmo adversário, que se encontra renovado, após as saídas de vários jogadores de relevo no ano de 2024 (Nikola Karabatic, Vincent Gérard, Valentin Porte e Timothey N’Guessan) e a integração de novos elementos como Aymeric Minne, Thibaud Briet, Julien Bos e Charles Bolzinger. Neste sentido, muitas expectativas rodeiam a congénere francesa e o lateral de 36 anos reforça:

Esta seleção francesa é fortíssima e apesar desses grandes nomes se terem despedido, até há pessoas que eram da opinião que estes que integraram agora já deviam estar cá há mais tempo e que têm demonstrado muita qualidade. O [Thibaud] Briet tem feito um excelente Campeonato do Mundo, o [Aymeric] Minne também e são jogadores que jogam sempre ao mais alto nível. Acho que esta mudança não belisca em nada a qualidade da França, porque têm muitos mais jogadores que poderiam estar aqui e que não estão.”

Qualquer que seja o desfecho, quem saiu a ganhar foi Portugal, já que irá pela primeira vez integrar o top-4 de um Campeonato do Mundo, escrevendo assim mais uma página dourada na história do andebol nacional. Fábio Magalhães tem dificuldade em explicar o que sente quando se fala num lugar nas quatro melhores equipas do Mundo:

“Ainda é difícil explicar o que sentimos, porque ainda estamos a vivê-lo e estamos a querer mais, ao lutar pela medalha e confiantes de que o podemos conseguir. Mas tem sido extraordinário e as pessoas que me contactam dizem que temos tido um impacto grande em Portugal. Nós sabemos que sim, mas acho que não sabemos sequer a metade daquilo que se passa em Portugal e do que falam de nós. E, por isso, acho que é extraordinário para o andebol português e acho que se as pessoas aderirem, se continuarem a acompanhar o andebol, podemos evoluir muito.”

Recorde-se que Portugal terminou o Main Round III na primeira posição após quatro vitórias (Brasil, Noruega, Espanha e Chile) e um empate frente à Suécia na Unity Arena. Os portugueses continuaram a escrever a sua história ao derrotarem a Alemanha nos Quartos de Final mas acabaram por sofrer uma derrota frente à tricampeã mundial – Dinamarca. Os Heróis do Mar lutam agora pelo bronze na Unity Arena, este domingo, pelas 19h30. A transmissão dos jogos de Portugal está a cargo da RTP1. Pode acompanhar o Mundial na íntegra na RTP Play.

França: De A a Z

Parece que sempre que se aproxima um torneio para a França, se fala da reforma de uma lenda e/ou da chegada de uma nova geração. Croácia/Dinamarca/Noruega 2025 não é diferente, com a França a viver agora uma era pós-Nikola Karabatic, após a reforma do lendário capitão e central francês depois dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a que se juntaram Vincent Gérard, Valentin Porte e Timothey N’Guessan.

“Choque”, “desilusão”, “fracasso”, eis algumas das palavras que os meios de comunicação social (e a própria Federação Francesa de Andebol) utilizaram após a derrota nos quartos de final dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, em casa, frente à Alemanha, no prolongamento. Apesar de ter sido o último jogo de Nikola Karabatic, vencedor de vários prémios olímpicos, mundiais, europeus e de melhor jogador do mundo da IHF, o desporto não espera por ninguém e a sua experiência olímpica em casa teve de ser ultrapassada, uma vez que o treinador francês Guillaume Gille espera que o recém-empossado capitão Ludovic Fabregas e a sua equipa consigam ultrapassar o poderio da Dinamarca no panorama mundial, vencedora dos últimos três campeonatos do mundo (2019, 2021, 2023) – e dos últimos Jogos Olímpicos (2024).

No entanto, não é este ano que os gauleses vão roubar o ouro aos nórdicos, depois de terem perdido na Meia Final diante da Croácia. Um treinador mental foi uma das novas apostas do corpo técnico de França, com a entrada de Pierre Arthapignet para a equipa liderada por Guillaume Gille. De cinco guarda-redes – Samir Bellahcene (THW Kiel), Charles Bolzinger (Montpellier), Rémi Desbonnet (Montpellier Hb), Valentin Kieffer (Chambéry Savoie Mont Blanc) e Wesley Pardin (USAM Nîmes Gard) – Guillaume Gille ficou com os primeiros três, mas a baliza não tem sido o forte gaulês neste mundial.

O técnico francês pôde – ao contrário do que se fazia prever antes da competição – contar com Elohim Prandi e Dika Mem, que recuperaram de lesão e, em conjunto, já levam 65 golos. Kylian Villeminot, central que alinha pelo Montpellier HB, é a maior baixa a salientar no plantel de França.

A França quer continuar a sua estreita relação com as medalhas do Campeonato do Mundo, uma relação quase inseparável desde 1993, quando conquistou a sua primeira medalha na competição. Desde então, a França só não subiu ao pódio por quatro vezes, tendo conquistado 11 medalhas e tornando-se a equipa mais condecorada da história da competição, com seis títulos, o dobro dos dinamarqueses – uma medalha de prata e quatro de bronze.

Key players: Ludovic Fabregas (pivô, 28 anos, One Veszprém HC), Nedim Remili (lateral direito, 29 anos, One Veszprém HC), Dika Mem (lateral direito, 27 anos, Barça)

History in tournament: 1954: 6.º lugar, 1958: 9.º lugar, 1961: 8.º lugar, 1964: 14.º lugar, 1967: 10.º lugar, 1970: 11.º lugar, 1978: 16.º lugar, 1990: 6.º lugar, 1993: 2.º lugar, 1995: Vencedor, 1997: 3.º lugar, 1999: 6.º lugar, 2001: Vencedor, 2003: 3.º lugar, 2005: 3.º lugar, 2007: 4.º lugar, 2009: Vencedor, 2011: Vencedor, 2013: 6.º lugar, 2015: Vencedor, 2017: Vencedor, 2019: 3.º lugar, 2021: 4.º lugar, 2023: 2.º lugar

IHF Men’s World Championship 2025
Calendário – Grupo E
15.01.2025 – 17h00 – Portugal x Estados Unidos da América, 30-21 (15-10)
17.01.2025 – 17h00 – Portugal x Brasil, 30-26 (12-15)
19.01.2025 – 19h30 – Noruega x Portugal, 28-31 (13-14)
Calendário – Main Round III
22.01.2025 – 17h00 – Suécia x Portugal, 37-37 (18-18)
24.01.2025 – 14h30 – Espanha x Portugal, 29-34 (16-15)
26.01.2025 – 14h30 – Portugal x Chile, 46-28 (22-17)
Calendário – 1/4 de Final
29.01.2025 – 19h30 – Portugal x Alemanha, 31-30 AP 26-26 (13-9)
Calendário – 1/2 Final
30.01.2025 – 19h30 – Dinamarca x Portugal, 40-27 (20-16)
Calendário – Medalha de Bronze
02.02.2025 – 14h00 – França x Portugal, RTP1

O IHF Men’s World Championship 2025 decorre entre 14 de janeiro a 2 de fevereiro, na Croácia, Dinamarca, Noruega e os bilhetes estão disponíveis AQUI. Para consultar o horário completo do Campeonato do Mundo de 2025 basta clicar aqui.

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