OPINIÃO | José António Silva: “A propósito do Play-Off de acesso ao Campeonato do Mundo”

Líder das Lusitanas escreve sobre o duplo confronto entre Portugal e Montenegro relativo à qualificação para o Women’s IHF World Championship 2025 e toda a preparação que o antecedeu.

Sabíamos a priori que seria uma eliminatória muito difícil, atendendo à valia e ao currículo das nossas adversárias. As diferenças entre as duas equipas são evidentes, particularmente no nível de experiência competitiva das jogadoras, seja a nível de Seleções Nacionais, seja a nível de Clubes. Para além das condições de partida desfavoráveis, tivemos ainda dificuldade ao nível da nossa preparação (estágio de Março) e relativas a condicionantes das nossas atletas ao nível físico (lesões) que contribuíram para que não nos apresentássemos no máximo das nossas possibilidades, quer coletiva quer individualmente. Temos a perfeita noção de que, para termos possibilidades de sucesso com equipas deste patamar competitivo, temos de estar no limite das nossas possibilidades.

Apesar destas dificuldades, encarámos o Play-Off com ambição e ousadia, e fugindo ao conceito de “tentar o melhor possível”, trabalhámos para encontrar as melhores soluções para contornar as dificuldades. Não conseguimos alcançar a performance que pretendíamos. Analisando os jogos a posteriori, fica a sensação de que durante 90 minutos, nos equiparámos de alguma forma ao nosso adversário (mais na qualidade de jogo, menos na eficácia), tendo comprometido todo o trabalho com uma entrada menos feliz na segunda parte do primeiro jogo. De facto, esses primeiros minutos provocaram alguma instabilidade na equipa, que foi imediatamente aproveitada pelo adversário, o que comprova a sua maturidade competitiva. Apesar de tudo termos tentado para nos reencontrarmos, não conseguimos, levando a uma segunda parte desse jogo pouco conseguida.

Fica naturalmente a desilusão por todo o nosso trabalho (e foi muito…) não ter produzido os resultados esperados, mas fica também a convicção de que a equipa teve uma atitude e compromisso exemplares que serão a base para que no futuro possamos resolver alguns dos nossos problemas. Na minha perspetiva e independentemente das opções tomadas, subsistem ainda algumas questões de base que precisamos resolver para que possamos alcançar outros níveis de prestação desportiva. Esta equipa, em que incluo também atletas que momentaneamente não estiveram na convocatória, caracteriza-se por uma cultura de exigência máxima, que todos compreendem e aceitam porque sabemos ser este o caminho para continuar a evoluir. Para isso assume também enorme importância o trabalho a desenvolver no dia-a-dia, já que o tempo de trabalho em contexto de Seleção Nacional é muito reduzido.

Entendo ainda que há diversos aspetos positivos a extrair destes jogos, dos quais realço dois: (i) estamos mais competitivos, conseguindo com eficácia colocar problemas que habitualmente não colocávamos aos nossos adversários e (ii) algumas atletas apresentam uma evolução significativa e consistente, que a confirmar-se no futuro, associada a uma maior experiência poderão torná-las peças decisivas para a obtenção de melhores resultados.

Por último, um agradecimento a todas as atletas e elementos da equipa técnica que deram um contributo valioso para o nosso trabalho, bem como a todos os que nos apoiaram desde o primeiro momento.

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