Aos 38 anos, o ponto final. Bebiana Sabino, pivô e capitã da Seleção Nacional, encerrou o capítulo final de uma história ímpar de valorização, concretização e resiliência ligada ao Andebol. Para trás fica, entre outras tantas memórias, o sonho cumprido de disputar a fase final de uma grande competição internacional no escalão sénior: o Women’s EHF EURO 2024.
Há três décadas, em Ermesinde, o UDCR Bela abria as portas da modalidade a uma jovem sonhadora que não demorou a ter a certeza de que o futuro passava pelo Andebol. O resto é história. Do AC Alfenense ao Madeira SAD, passando pelo Colégio de Gaia, época após época, Bebiana Sabino foi encontrando o seu espaço, ganhando estatuto e brilhado como poucas o haviam feito. Pelo meio experimentou ainda o Andebol angolano, numa curta passagem vitoriosa pelo CD 1.º de Agosto que lhe valeu o único título fora de portas (2011). Em Portugal fez o pleno: seis título do Campeonato Nacional 1ª Divisão Feminina, 10 Taças de Portugal e nove Supertaças, entre 2006 e 2019. Venceu ainda um troféu de campeão nacional no escalão sub-21, há exatamente 20 anos.
A atleta nascida no Porto em 1986, que é considerada uma referência para muitas jovens atletas que sonham vingar na modalidade e chegar à Seleção Nacional, sai de cena depois de atingir a marca das 150 internacionalizações – tornando-se a segunda mais internacional de sempre – e dos 250 golos ao mais alto nível. Nos escalões de formação, foram quase meia centena de vezes a entoar A Portuguesa.
“Foram 28 anos a viver o Andebol com muita paixão e dedicação. Por isso, terminar a carreira foi uma decisão difícil, mas saio com a sensação de dever cumprido. Levo comigo cada vitória, cada derrota e, acima de tudo, as pessoas — colegas, adversárias, árbitros, equipas técnicas e todos os que se cruzaram comigo neste caminho. Representar Portugal foi o maior orgulho da minha vida desportiva. O desporto, e o Andebol em particular, moldou-me enquanto atleta e pessoa e serei sempre profundamente grata por tudo o que me ensinou.” – Bebiana Sabino.
Miguel Laranjeiro, Presidente da Federação de Andebol de Portugal, não tem dúvidas de que a modalidade se despede de uma das maiores referências que vestiu as cores da Seleção Nacional, mas nunca de forma definitiva: “Todos nos habituámos a respeitar a atleta e a pessoa que é a Bebiana Sabino. Foi uma enorme capitã da nossa Seleção Nacional. Pela postura e determinação como enfrentava o jogo, pelas qualidades pessoais e humanas que lhe são conhecidas, pela forma correta, mas firme, como assumia as funções de capitã, merece ser recordada sempre como uma das melhores. A atleta e professora universitária Bebiana Sabino continuará certamente ligada à modalidade, porque uma vez do Andebol, para sempre do Andebol. Contaremos com a nossa capitã para levar ainda mais longe o nosso Andebol. Precisamos de exemplos como o da Bebiana. Obrigado!”
Em nome do Andebol: OBRIGADO!
