Master Plan: Federação Europeia de Andebol destaca projeto em Portugal

“Iniciação da prática desportiva em geral e do Andebol em particular” é o lema de um Master Plan da Federação de Andebol de Portugal direcionado para a prática da modalidade nos escalões etários mais baixos e focado no aumento do número de crianças no desporto como principal caminho para o desenvolvimento.

A Federação Europeia de Andebol (EHF) lançou, esta quarta-feira, um artigo sobre o projeto português Master Plan e o seu reflexo nas performances das Seleções Nacionais de Andebol, materializadas em resultados ímpares que colocaram Portugal num patamar ainda mais alto na hierarquia da modalidade no panorama internacional. Leia a peça completa aqui.

A presença sem precedentes nas Meias Finais do Campeonato do Mundo marcou o início do ano de 2025 para Portugal, após o regresso da Seleção Nacional A Feminina ao EHF EURO no final de 2024. Portugal também chegou à Final nas duas últimas edições do M20 EHF EURO, foi prata no último Mundial de sub-21, enquanto que na vertente feminina, Portugal estreou-se nas Meias Finais do W19 EHF EURO em 2023 e alcançou um histórico 5.º lugar no Campeonato do Mundo de sub-20 em 2024.

Não há dúvidas de que o Andebol português tem vindo a progredir numa trajetória ascendente, pelo que a Federação de Andebol de Portugal decidiu concentrar-se principalmente no outro extremo, no início da caminhada de todos os atletas, com o projeto Master Plan: O jogo das crianças.

Master Plan

O projeto acaba de ultrapassar a marca de um ano, tendo começado em maio de 2024 e terminará em junho de 2027.

O principal objetivo é promover o Andebol para as crianças, principalmente entre os 6 e os 10 anos.

No primeiro ano, registou-se um crescimento de 22% entre as crianças dos 6 aos 8 anos e de 14% entre os jogadores dos 9 aos 10 anos.

Além disso, a formação de treinadores e professores tem sido uma prioridade, com a realização de vários cursos e seminários e a criação de materiais abrangentes.

Já em 2025, foram introduzidos festands, tendo sido realizados vários a nível regional até à data.

Criação do conceito

O Master Plan engloba vários objetivos mais amplos a par do foco principal do Andebol para as crianças.

A Federação de Andebol de Portugal pretende, naturalmente, prolongar o sucesso das Seleções Nacionais verificado nos últimos anos e assegurar a presença contínua nas Fases Finais de Campeonatos do Mundo e da Europa: para os Heróis do Mar, classificações consistentes entre os oito primeiros e qualificação para os Jogos Olímpicos; para as Lusitanas, qualificação contínua para as fases finais.

Além disso, os objetivos originais a médio e longo prazo do projeto Master Plan incluem:
– Promover o desenvolvimento global do Andebol com foco na base;
– Aumentar o número de jogadores com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos;
– Incentivar a transição do Desporto Escolar para os clubes;
– Aumentar a visibilidade do Andebol em Portugal;
– Produzir materiais didáticos modernos e interativos para o Mini Andebol.

No entanto, o desporto para as crianças foi identificado como o foco central, e é aí que reside a maior parte dos esforços no projeto do Master Plan. O objetivo foi estabelecido para aumentar o número de jogadores com idades compreendidas entre os 6 e os 8 anos em 25% por ano e o número de jogadores com idades compreendidas entre os 9 e os 10 anos em 15% por ano. Isto significaria um aumento global dos 793 jogadores registados dos 6 aos 8 anos para 1.586, e dos 1.660 jogadores dos 9 aos 10 anos para 2.490.

“No início do projeto do Master Plan, constatámos três problemas básicos: Primeiro, a fraca implementação do Andebol nas escolas primárias (seis a nove anos de idade); segundo, as crianças começarem a praticar Andebol numa idade avançada, uma vez que só começavam a praticar por volta dos 11 anos de idade; terceiro, uma base não muito ampla de jogadores de Andebol registados com menos de 10 anos de idade. Portanto, esta era uma área que já tínhamos identificado como problemática e onde era necessária uma intervenção urgente com vista ao desenvolvimento futuro do Andebol em Portugal”, afirmou o Diretor Técnico Nacional para o Andebol Masculino da Federação de Andebol de Portugal, Paulo Sá, aos canais da EHF.

Cooperação com os clubes e as escolas

Para alcançar os aumentos especificados no número de jogadores é essencial uma cooperação efetiva com os clubes e as escolas. Foram criados planos de atividade pormenorizados para definir a cooperação entre clubes e municípios.

As intervenções nos clubes começaram em janeiro de 2025 e envolveram aulas regulares de Andebol durante as aulas de Educação Física ou como parte de atividades de enriquecimento. Foram contratados embaixadores locais do projeto, ou seja, jogadores notáveis, para participarem ocasionalmente em atividades nas escolas, e os coordenadores do projeto têm vindo a monitorizar e a acompanhar as intervenções. Até agora, 22 clubes de Andebol estiveram diretamente envolvidos com 48 escolas em Portugal.

Consolidando os esforços para desenvolver o Andebol para crianças, realizaram-se vários festivais e muitos mais estão para vir, incluindo um festival escolar coorganizado pelos 22 clubes participantes no projeto. Para além disso, realizaram-se festivais regionais no Porto, Braga, Aveiro, Lisboa, Setúbal, Algarve, Alentejo e Viseu, e estão previstos eventos a nível nacional.

A partir de junho de 2025, os números relativos às crianças nos grupos etários especificados aumentaram significativamente, até 966 para as crianças dos 6 aos 8 anos e 1.887 para o grupo etário dos 9 aos 10 anos.

Formação de professores e treinadores

A formação de quem ensina as crianças foi identificada como uma área fundamental para facilitar o crescimento desejado do número de jogadores. Até junho de 2025, foram realizados 13 cursos e seminários dirigidos a professores, treinadores e estudantes universitários, estando previstos mais. Quatro dos cursos para professores de Educação Física contaram com mais de 100 participantes.

A par dos seminários e cursos educativos, foi necessária a criação de materiais de apoio. Na sequência de reuniões de colaboração nas fases iniciais do projeto, as faculdades de desporto da Universidade do Porto e da Universidade da Maia assumiram a responsabilidade pelos documentos pedagógicos. As universidades têm vindo a fornecer apoio teórico, bem como a delinear elementos como a integração nos currículos escolares, progressões pedagógicas e sequências de exercícios e jogos.

Na primeira fase de criação de material didático, foram disponibilizados documentos adaptados para o ensino do Andebol e para a organização de eventos de Andebol no desporto escolar, bem como vídeos com programas de formação específicos para o Andebol infantil.

No que diz respeito aos materiais de apoio ao projeto do Master Plan, a EHF forneceu balizas portáteis e bolas para serem distribuídas aos clubes envolvidos e a Federação de Andebol de Portugal forneceu também cones, coletes e t-shirts promocionais.

“Os principais problemas encontrados foram a implementação do Andebol nas escolas primárias de uma forma regular e sustentada, bem como a falta de documentos de apoio para o ensino do Andebol a estes grupos etários em ambiente escolar, juntamente com a falta de formação específica para os professores no ensino do jogo de forma atrativa na escola”, disse Paulo Sá.

“Procuramos apoiar os clubes, reforçando a sua capacidade de intervenção regular e sistemática nas escolas, tendo como estratégia o envolvimento e a construção de relações/parcerias entre escolas e autarquias, favorecendo assim um maior contacto com as escolas, dotando-as das competências e conhecimentos necessários.”

“Fazer do nosso desporto uma referência em Portugal”

A dois anos do final do projeto, o Master Plan entra na segunda fase. À semelhança de muitos outros países que participam no projeto Master Plan, o objetivo é alargar as iniciativas implementadas no primeiro ano e continuar a crescer.

“Os próximos passos serão consolidar o projeto com uma intervenção mais alargada para abranger todo o território nacional e tentar intervir em regiões onde o Andebol tem menos implementação e expressão. Numa segunda fase, pretendemos iniciar a intervenção nos jardins de infância, com a perspectiva de um crescimento efetivo do Andebol para as crianças”, afirmou Paulo Sá.

“Estas estratégias visam incentivar uma iniciação mais precoce do desporto em geral e do Andebol em particular, melhorando a literacia motora das crianças e garantindo mais e melhores jogadores no futuro.

“No futuro, queremos mais adeptos, mais espectadores para a família do Andebol, queremos fazer da nossa modalidade uma referência em Portugal.”

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