A Medida Mérito do programa Clube Top teve como objetivo premiar e divulgar as boas práticas na gestão de clubes desportivos. Com o lançamento desta medida, em estreita articulação com as Direções Regionais do IPDJ, pretendeu-se efetivar o reconhecimento pela administração pública desportiva do trabalho de excelência que os clubes fazem em prol do desenvolvimento desportivo e social.
O Clube Desportivo Xico Andebol foi um dos candidatos ao prémio Clube Top e, após ter vencido a fase regional – zona norte – foi premiado, a nível nacional, na categoria Sustentabilidade no Desporto no passado dia 17 de dezembro, no auditório das instalações do IPDJ de Leiria – Cidade Europeia do Desporto 2022 – em sessão pública da fase nacional dos Prémios Clube Top | Medida Mérito.
Mauro Fernandes, Presidente do CD Xico Andebol, explicou a mudança envolta no clube da cidade berço e destacou a importância destes reconhecimentos por parte de diversas identidades – como o IPDJ – além dos apoios, financeiros ou não, inerentes: “É relativamente simples de explicar, mas complexo de executar. Isto faz parte de uma estratégia que foi definida para reestruturar o clube – que estava em péssimas condições – e então foi preciso definir um novo plano. No âmbito dessa estratégia, que é gradual e iniciou em 2019, foi preciso fazer um conjunto de coisas: estruturar o clube em termos de organização, hierarquias, contratar gente nova gradualmente e tirar outros que não se reviam de alguma forma na estratégia do clube. O passo seguinte foi fazer uma avaliação dos serviços junto dos utentes, usando modelos teóricos que estão definidos, a partir de plataformas que, por exemplo nós fizemos uma candidatura da Microsoft onde conseguimos um apoio de 7 mil dólares em sistemas de informação, que depois utilizámos para fazer esta avaliação dos serviços dos utentes. Fizemos também inquéritos de satisfação e motivação dos colaboradores, tudo isto muito assente em tecnologias dos sistemas de informação.”
O Presidente do CD Xico Andebol explicou o porquê da importância da existência de uma estratégia delineada mediante as necessidades e objetivos do clube, e da definição do Plano de Sustentabilidade: “Este Plano de Sustentabilidade prevê uma estratégia muito orientada para a questão ambiental – que é um bocado a parte de inovação que trazemos ao clube – a parte social que, embora o clube já tivesse, como acredito que todos os clubes têm, mas desta vez a partir de parcerias, de modelos de gestão do próprio clube. (…) Não é nada feito desgarradamente como fazíamos antes, é a partir dos modelos de gestão que nós próprios desenhamos ou adaptamos para o nosso clube e obviamente a componente financeira.”
“Toda a estratégia é termos um plano em que se consegue ter a ‘máquina’ a funcionar, com uma perspetiva desportiva obviamente, mas também com a perspetiva social e económica, sendo que isto tem um benefício financeiro que reverte a favor do clube.”
Quanto aos custos associados a este ‘esforço’, Mauro Fernandes encara-o como uma perspetiva diferente que, considera, é o truque: “Aquela ideia de que nós tratarmos de um ambiente tem custos, que nós fazermos a parte social tem custos… é aqui desmontado. Ou seja, é possível fazer isto tendo, inclusive, benefícios financeiros. É preciso é olhar para eles como tal. Se há coisas que nós fazemos que não trazem benefícios financeiros direto, trazem valor para a marca que constitui um valor, que se pode transformar num valor financeiro.”
A partir da aplicação do Plano Estratégico, o CD Xico Andebol foi crescendo e Mauro Fernandes não deixa de olhar para estes prémios – como é caso da mais recente distinção do Prémio Clube Top – pelo reconhecimento público mas sobretudo pelo retorno financeiro e mais valia imediata para o clube: “Não só o reconhecimento público, que para nós representa um prémio destes, representa uma mais valia financeira, a tal visão, mesmo que não haja um retorno financeiro imediato. Isto é um prémio que reconhece, isto traz junto dos stakeholders, de toda a gente, um valor para o clube.”
A importância da “profissionalização” do clube foi um dos aspetos que o Presidente do CD Xico Andebol reforçou: “Há momentos em que nós não conquistamos nada em termos competitivos, conquistamos pela gestão, pelas nossas práticas. A gestão deixa de ser uma preocupação para toda a gente, as pessoas sentem-se confortáveis e seguras, e, apesar de ter tudo a ver com a parte desportiva, os membros mais envolvidos – como os técnicos – podem-se focar apenas no desporto, sem terem outras preocupações. (…) No clube não está ninguém sem contrato de trabalho e isso tem o reconhecimento necessário e é até, diria eu, quase um requisito para quando se faz uma candidatura ao IPDJ, tudo conta.”
Mauro Fernandes afirma que este método de trabalho foi a salvação do clube de Guimarães: “Esta estratégia é muito importante, não só salvou o clube da bancarrota – que era como estava – mas sobretudo deu ao clube uma missão e uma projeção que queremos, fazendo com que toda a gente perceba qual é a estratégia extra desportiva.”
Apesar do crescimento atingido desde 2019 – aquando no início do projeto – Mauro Fernandes afirma que o clube ainda está “a meio do caminho”: “Foi o reativar, foi o desporto para todos, foi o Walking Handball – que também foi reconhecido e apoiado pelo IPDJ. Este projeto ultrapassou-nos claramente (…) temos o maior grupo de investigação em medicina interessado, mas não temos dimensão, eles precisam de uma amostra de 200 atletas. Também tenho negociado com o IPDJ a possibilidade de darmos alguma dimensão nacional ao projeto, é essa a nossa orientação.”
O Presidente olhou para o futuro, apontando novas ideias e, eventualmente, novos objetivos para o seu clube: “Criar um centro de formação em Guimarães, para podermos de alguma forma semiautónoma – com parceiros – dar maior formação aos nossos colaboradores, sobretudo aos treinadores de forma a podermos acompanhar toda esta restruturação, porque isto exige uma requalificação dos recursos humanos.”