O passado dia 8 de setembro não ficou apenas marcado pela Final da Supertaça Ibérica Feminina 2024. Em simultâneo com a prova de elite organizada em conjunto pela Federação de Andebol de Portugal e pela Real Federación Española de Balonmano, o Auditório da Escola Secundária da Maia, recebeu o colóquio que deu início a um ciclo de debates entre agentes desportivos, e que teve como tema “o impacto do apuramento para o Women’s EHF EURO 2024 no Andebol feminino em Portugal”. O evento contou com um painel de personalidades de grande relevância na modalidade e com a participação de cerca de 30 pessoas.
A promessa ficou feita: em breve haverá novas edições do Colóquio, a anunciar oportunamente.
Para Vera Lopes vice-Presidente da Federação de Andebol de Portugal, o colóquio, no qual foi moderadora, marcou o início de uma nova fase de motivação para o andebol feminino, impulsionada pela qualificação para o Europeu deste ano: “Todos temos consciência de que será um período muito importante para refletirmos, em conjunto, sobre o Andebol feminino. Saímos daqui com a certeza de que precisamos de mais momentos como este, sem dúvida, e de que estamos no caminho certo”, afirmou.
Ana Seabra, treinadora do Club Atlético Guardés, partilhou algumas estratégias usadas em Espanha, que podem servir de inspiração para novas abordagens no nosso país, e considera que “mais do que partilhar ideias, é importante contextualizá-las e aproveitar boas práticas de quem já as aplica, para continuarmos a evoluir. 2024 será um ano especial pela nossa participação no Europeu, e que isso seja um fator motivador e inspirador para todos. Só competindo com os melhores podemos aprender e evoluir.”
O Selecionador Nacional, José António Silva, contribuiu de forma bastante ativa para o sucesso do colóquio e transmitiu uma importante mensagem sobre a participação em fases finais de grandes competições internacionais. Segundo o treinador de 59 anos, os Europeus e Mundiais são essenciais para o desenvolvimento das atletas, uma vez que aumentam o número de treinos e jogos durante o ano, para além de potenciar a competição de excelência: “Foi com um enorme agrado que participei nesta pequena ação em que se discutiram temas muito relevantes para o futuro das equipas femininas. É de realçar em particular a presença de bastantes treinadores e outras pessoas que dedicam toda a sua atividade ao treino de equipas femininas de uma forma comprometida e empenhada. Por isso mesmo creio que atingimos plenamente o objetivo fundamental deste colóquio, que passava por uma reflexão conjunta acerca de algumas questões decisivas para o desenvolvimento das nossas equipas e consequentemente do Andebol no seu todo.” – revelou.
Cristina Fernandes partilhou a experiência da reestruturação do Clube Jovem Almeida Garrett e como o clube tem encontrado novas formas de apoio e financiamento. A treinadora vê o apuramento para o Women’s EHF Euro 2024 como o ponto de partida para uma transformação necessária não só para o Andebol, mas para todo o espectro do desporto feminino em Portugal: “Foi uma honra participar nesta mesa redonda, que se revelou uma excelente oportunidade para refletir sobre os desafios e oportunidades que este marco representa para a modalidade em Portugal. No contexto de um desporto em que o profissionalismo ainda é um objetivo a alcançar, o sucesso da seleção traz uma nova visibilidade e pode ser o catalisador para mudanças estruturais no andebol feminino. Fica destacada a necessidade de valorizar as atletas e equipas técnicas, fortalecendo as instituições, criando um ecossistema desportivo mais robusto e competitivo. No entanto, na minha opinião, para que este progresso seja sustentável, é fundamental que as várias entidades que tutelam o desporto em Portugal, ou que direta ou indiretamente intervenham sobre a igualdade de gênero, estejam alinhadas em torno de uma estratégia comum de reestruturação no Desporto nacional em geral, e do Andebol em particular. Este apuramento para o Europeu é um marco que deve servir como motivação para a ação, mas precisamos garantir que esta conquista seja o início de uma transformação mais profunda, que permitirá ao Andebol feminino em Portugal alcançar todo o seu potencial.”
Outra das personalidades conceituadas presentes foi Paula Marisa, líder do Colégio de Gaia Toyota, que relatou o impacto que a primeira e única participação da Seleção Nacional A Feminina num Europeu, em 2008, teve no Andebol feminino em Portugal e destacou a importância da profissionalização das equipas como uma forma de melhorar a qualidade da modalidade dentro de portas. Sobre este colóquio, Paula Marisa sublinhou que momentos de partilha e debate de ideias são essenciais para a definição de estratégias.