“Temos muitos exemplos a confirmar a relação positiva entre a formação desportiva e o rendimento escolar dos nossos alunos/atletas.”
Este projeto tornou-se uma referência, na região do Tâmega e Sousa, a nível de ensino e prática regular da modalidade de andebol, em ambiente escolar, mas mais do que isso, é sobretudo um veículo para a promoção da igualdade de oportunidades através do desporto. O BECA assume como missão potenciar o desenvolvimento pessoal e social dos alunos e estimular os seus processos de aprendizagem através da prática desportiva, prevenindo o abandono escolar precoce e, simultaneamente, a promoção do sucesso escolar.
João Varejão, um apaixonado pelo andebol, fundador deste projeto e professor em Celorico de Basto, avançou com a criação do BECA e conseguiu aliar a autarquia à escola, num projeto que já tem oito anos de vida. O Agrupamento de Escolas tem um papel preponderante na consolidação dos horários, para que os atletas possam realizar os treinos em ambiente e horário escolar, assim como a autarquia, que neste momento é o maior “investidor” do projeto, que conta com 13 equipas, desde o escalão de minis a júnior, tanto no género feminino como masculino.
Quando iniciou este projeto, o mentor do BECA, tinha como único pensamento ensinar os alunos a jogar andebol, no entanto, à medida que os treinos foram decorrendo, surgiram cada vez mais alunos/atletas motivados e com disponibilidade para treinar a qualquer hora, para além de terem apetências/qualidades que os favoreciam nessa aprendizagem. “Época após época fomos criando novos escalões e alargando a nossa rede de promoção da modalidade aos centros escolares. Chegar aqui foi uma consequência de todo o trabalho realizado, no início era difícil acreditar que o crescimento e desenvolvimento fosse tão rápido. Mas já, na presente época, foram 19 os atletas do BECA selecionados para Estágios das Seleções Regionais, Centros de Treino Nacional Norte, e ainda Estágios e Competições das seleções Nacionais de Sub-16 e Sub-17.” realça João Varejão.
O BECA funciona, neste momento, com todos os escalões à exceção de Seniores, devido à prática em ambiente escolar, o percurso natural é de transição, ou seja, quando os atletas chegam ao 12º ano, com perspetivas de frequência do ensino superior, a tendência é que se afastem do local de residência, o que dificulta o trabalho semanal. No entanto, o BECA quer, segundo João Varejão, “ter a referência do escalão sénior, para todos os nossos atletas, e garantir no futuro que essa equipa sénior possa competir numa divisão com exigência. Nesse sentido, está em avaliação a possibilidade do BECA ter a equipa sénior masculina a competir, na próxima época desportiva, na 3ª Divisão Nacional, fundamentalmente com atletas jovens competentes dos escalões de juvenis e juniores.”
O Presidente da Câmara de Celorico de Basto, Joaquim Mota e Silva, destaca que o BECA é um projeto vencedor, arrojado, com objetivos concretos e metas, impulsionado por um grupo de pessoas apaixonadas pela modalidade, incansáveis e que envolvem toda a comunidade. “Estou muito satisfeito com o percurso deste clube, as metas alcançadas em tão curto espaço de tempo, com duas equipas, de juvenis e juniores, a competir na 1ª divisão nacional e a bater-se de igual forma com clubes de outra dimensão, são a prova clara do empenho de todos. Este é projeto que sai da esfera da comunidade escolar e que aspira a competições e resultados dignos dos melhores. Nós, Executivo Municipal, continuaremos a apoiar este clube, facultando-lhe, dentro das nossas possibilidades, as melhores condições para que consigam alcançar o patamar desejado.” – realça Joaquim Mota e Silva
O rendimento escolar acaba por ser, uma fatia importante do sucesso deste clube, que consegue aliar o desporto ao conhecimento, apesar de numa fase inicial, existirem docentes de várias disciplinas que reportavam alunos distraídos, que não estudavam o suficiente ou só pensavam em andebol, no entanto, com o passar do tempo, a exigência dos treinos, a disciplina que tinham que seguir, fez com que cada aluno/atleta, ao seu ritmo, fosse adquirindo ferramentas que lhe permitisse, não só, ter sucesso académico, mas também uma formação desportiva com uma valorização social muito interessante. João Varejão, sobre este tema, afirma que “atualmente, os docentes que outrora tinham dúvidas, e por vezes, teciam algumas “críticas” face ao comportamento de alguns alunos, são os primeiros a reconhecer que, esses alunos, estão agora mais focados, atentos e disciplinados no trabalho e no estudo, que conseguem evoluir mais rápido na matéria, o que favorece o rendimento escolar.”
A Diretora do Agrupamento de Escolas, Eduarda Alves, relata a dimensão académica deste projeto e a projeção que este tem a nível global. “A dimensão que o Clube apresenta neste momento é um fator inovador que nos distingue e projeta enquanto agrupamento de escolas focado na formação integral dos nossos alunos, fruindo de todas as vantagens associadas à prática desportiva. Conseguimos inclusivamente “atrair” novos alunos para o nosso agrupamento, oriundos de outros concelhos, que ambicionavam integrar o clube BECA e beneficiar das oportunidades de crescimento, não só na parte do andebol, mas também do ponto de vista académico.”
Neste aspeto, o Presidente do Município, afirma que, neste momento, o BECA é um fenómeno, não apenas pelo número de atletas que o compõe, mas pela quantidade de adeptos que vem granjeando, “Um clube que conta com jogadores de todos os cantos do concelho, jovens atletas que se sentem motivados e atraídos para a prática da modalidade muito por força do trabalho desenvolvido pelo clube e pelos seus corpos dirigentes. Um clube muito exigente a nível logístico e com grande impacto pela forma como se tem vindo a firmar no concelho face a outros clubes e modalidades praticadas. Um clube que conta com uma envolvência cada vez maior de entidades e pessoas individuais que se associam por sentir tratar-se de um projeto vencedor.” – destaca Joaquim Mota e Silva.
O BECA faz parte do projeto educativo do agrupamento pois é visto com uma mais-valia na vida global dos alunos como na vida escolar. Eduarda Alves, afirma que – “Sentimos, que os alunos que frequentam o BECA, ao longo do seu percurso, vão melhorando tanto ao nível psicossocial como educacional. Tenho a consciência plena de todos os benefícios que o desporto desenvolve em cada indivíduo. Verificamos que os alunos que praticam andebol no BECA, têm melhorias essencialmente ao nível comportamental, uma vez que adquirem regras, capacidade de trabalho, empenho, responsabilidade, autonomia e concentração, que depois reflete-se no aproveitamento escolar.”
Para além de tudo isto, existe uma grande envolvência por parte de toda a comunidade escolar e extra-escolar – “Este projeto tem conseguido promover acima de tudo o gosto dos alunos por frequentar a nossa escola. Consegue envolver pais e encarregados de educação, antigos alunos, familiares, assistentes operacionais, professores, não só nas atividades desportivas, mas também, no acompanhamento das equipas em torneios e na própria logística do clube. Acreditamos que será sempre recordado por todos os que dele fazem parte como algo significativo nas suas vidas e que a Escola faz o seu trabalho.” – destaca a Diretora do Agrupamento de Escolas.
O andebol foi a aposta do Bastinhos Escola Andebol Clube, realça João Varejão, e “neste momento sentimos todos que fazemos parte da “Família BECA”.
Em relação, ao combate ao insucesso escolar, o BECA aliou-se à Comunidade Intermunicipal Tâmega e Sousa (CIM TS), que visa combater o insucesso escolar, através de projetos similares. Telmo Pinto, primeiro secretário da CIM TS, acompanha o projeto desde a sua fase embrionária e explica quais os moldes desta ligação.
Telmo Pinto, realça que, o CIM TS percebeu que poderia criar sinergias “integrando um projeto de referência, mas dotando-o de recursos essenciais para o seu contínuo melhoramento e extensão a um maior número de alunos, o que foi possível através da contratação de um técnico superior para apoiar o projeto, bem como através do investimento na participação em mais provas e competições, e ainda em ações de formação e de debate e partilha de boas práticas, de que foi exemplo o I Seminário Internacional de Andebol. Assim, o Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar do Tâmega e Sousa evidencia bem, o importante papel que atribuímos ao desporto neste âmbito, quer pelo número de atividades, quer pela aposta que fizemos na contratação de recursos humanos qualificados nesta área.”
O Primeiro Secretário do CIM TS, refere ainda que o BECA, “Tem permitido mudar o paradigma do entendimento sobre o que deve ser a escola e a sua relação com os alunos. E, neste âmbito, há que sublinhar o papel do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto que, desde a primeira hora, acolheu o BECA e tem criado condições para a sua permanente afirmação. O BECA tem contribuído para a excelência da educação dos seus alunos, muitos deles incluídos nos quadros de excelência e de valor da escola. De destacar, ainda, o meritoso facto de o projeto promover a igualdade de género e de oportunidades, já que é o único clube que promove a prática desportiva organizada no género feminino no seu concelho de origem.”
Telmo Pinto, afirma que este projeto, pretende “contribuir para o sucesso escolar dos alunos, reduzindo as saídas precoces do sistema educativo, combatendo o insucesso, reforçando a equidade no acesso e melhorando a qualidade das aprendizagens e competências. Sendo o BECA uma das mais de 40 medidas educativas anuais implementadas no quadro deste Plano, são estes os frutos que esperamos e que certamente iremos colher no futuro.”
Também João Varejão intenta “alargar a oferta do ensino do andebol a todos os centros escolares que integram o agrupamento de escolas de Celorico de Basto e garantir a continuidade de todos os escalões em atividade. A médio prazo ambicionamos garantir em cada ano de escolaridade, uma turma formada maioritariamente com alunos que praticam andebol, bem como mais espaços cobertos para treinar, dando resposta aos treinos diários que queremos manter.” – a concretização destes objetivos continuará a assegurar um futuro favorável para o BECA.
Joaquim Mota e Silva, Presidente da Câmara Municipal de Celorico de Basto, realça os oito anos de percurso deste projeto “Oito anos de uma existência feliz e cheia de objetivos alcançados. Não nos podemos esquecer que há oito anos atrás, o Andebol era uma modalidade inexistente no concelho e que num curto espaço de tempo, cativou praticantes e adeptos a um nível que poucos acreditavam ser possível. O caminho tem sido bem trilhado e os passos estão a ser delineados com a sabedoria de quem sabe onde quer chegar. Este é clube de formação que começou como qualquer outro clube, com alguns jovens a praticar a modalidade, agora conta com mais de 250, metas alcançadas, prémios ganhos, palmarés e outras metas e outrossonhos. Foram anos de crescimento constante para todos, desde atletas, equipa técnica, dirigentes, massa associativa, anos de aprendizagem que serão fundamentais para o futuro que aí vem. Um futuro ainda mais auspicioso que estou certo, passará por uma equipa profissional que levará o nome de Celorico de Basto ainda mais longe nesta modalidade.”