O projeto “12 meses de preparação” tem como objetivo preparar mentalmente as atletas para um grande desafio: o os Campeonatos da Europa sub-17 e sub-19. Carla Fernandes, responsável pela formação de Coaching nas Seleções Nacionais Femininas, explica que “ao invés de se criar um plano de desenvolvimento pessoal individual para cada atleta – e uma vez que havia um objetivo final bem definido em Julho/Agosto de 2021 – a Federação de Andebol de Portugal decidiu criar um plano mais abrangente, quer em termos de números de atletas, quer em termos dos temas a serem abordados e trabalhados e que permitirá um desenvolvimento global da própria equipa.”
Durante um período de 12 meses, este plano permite que as atletas tenham ao dispor técnicas de coaching, Programação Neuro-linguística e outras ferramentas da área do desenvolvimento pessoal, utilizadas por muitos atletas de elite e – de uma forma estruturada e organizada – inseri-las no seu próprio contexto. “Para além de haver um objetivo primordial e claro, que será o de melhorar as capacidades mentais de cada atleta no contexto desportivo, este plano trará outros benefícios acrescidos para as próprias atletas, nomeadamente nas suas vidas académicas e nas suas vidas pessoais, pretendendo-se não só formar atletas de excelência, mas acima de tudo atletas realizadas e felizes nas diferentes vertentes da sua vida” – explica Carla Fernandes.
Numa fase inicial e através de testes diagnósticos, percebeu-se que muitas das atletas têm um elevado receio do seu próprio futuro e vivem na incerteza: por um lado são atletas apaixonadas pelo Andebol e com vontade de se tornarem atletas profissionais, mas, por outro, existem os receios naturais da própria idade que passam pela dificuldade de optar por uma carreira desportiva e/ou prosseguir os estudos.
Assim, durante os meses de Agosto, Setembro e Outubro, “o objetivo principal será o de que as atletas reflitam sobre as suas próprias vidas, sonhos, objetivos, inclusive sobre a sua própria identidade, identificando valores e crenças que lhes sejam intrínsecos, dando-se-lhes a oportunidade de poderem tomar consciência do que realmente pretendem para si, quer enquanto pessoas, quer enquanto atletas, podendo planear conscientemente e livremente as suas próprias vidas pessoais e profissionais”. Dessa forma, as mesmas poderão dissipar dúvidas, encontrar soluções e, acima de tudo, abrir horizontes para que possam encarar o futuro de uma forma responsável, consciente e mais confiante.
De Novembro a Março o trabalho será mais orientado para as questões mentais da prática desportiva em si, onde serão abordados diversos temas tais como Stress, Inteligência emocional, Motivação e Visualização, e no qual se pretende que as atletas adquiram ferramentas que lhes permitam tomar consciência das suas próprias emoções, aprender a geri-las e a auto motivar-se, melhorando o seu próprio desempenho desportivo, tornando-se acima de tudo mais consistentes nos treinos e nos jogos.
Não obstante existir uma componente de avaliação e reajustamento, uma vez que se trata de um processo de melhoria continua, “o mês de Abril será dedicado, inteiramente, a fazer as avaliações e as adaptações necessárias, quer em termos individuais das atletas, quer em termos coletivos” – atira a coach.
O trabalho individual, neste contexto, não pode ser desfasado do trabalho em equipa e, por isso, durante todo o ano será feito o enquadramento necessário com a própria equipa. Nos restantes meses do projeto, será dado ênfase especial ao trabalho e dinâmica da equipa e à relação entre as atletas, e pretende-se que todas as intervenientes tenham uma visão clara e concreta do que se pretende alcançar enquanto equipa e trabalhem nesse sentido.
Carla Fernandes não tem dúvidas de que este “é, com toda a certeza, um projeto ambicioso que pretende ser uma mais-valia para todos os intervenientes do processo desportivo, aliando a componente mental à componente física, técnica e tática e promovendo o desenvolvimento de diversas competências mentais. Sempre com o propósito de que todas se consciencializem, em primeiro lugar, do tipo de atletas que querem vir a ser e de que têm ao dispor diversas ferramentas que poderão ser úteis nesse processo. Por outro lado, queremos tornar as equipas mais fortes para fazer face aos desafios que vão surgindo no caminho, rumo ao objetivo final!” – rematou.