Diz o ditado que não se deve regressar onde já se foi feliz, mas para os Heróis do Mar, a história é vista de outra perspetiva. A única memória que existe de um torneio de qualificação olímpica ultrapassa o extraordinário e os comandados de Paulo Pereira já começaram uma nova ‘Missão Olímpica’ para tentarem repetir o mesmo feito, mas a oposição é séria: Noruega, Tunísia e Hungria.
Portugal vai iniciar a caminhada no Torneio Pré-Olímpico frente à congénere nórdica, na próxima quinta-feira (14 de março), precisamente no dia em que se comemora três anos desde aquela histórica e inesquecível vitória dos Heróis do Mar, em Montpellier, frente à França, selada com o golo mais importante da carreira do capitão, Rui Silva, que abriu as portas do Olimpo pela primeira vez.
Agora, com um grupo jovem e renovado mas com os mesmos sonhos e ambições de 2021, a Seleção Nacional parte para a cidade de Tatabánya com um objetivo bem definido de voltar a fazer história.
Em 2021, Portugal teve a companhia de Tunísia, França e Croácia. Para esta segunda participação num Torneio Pré-Olímpico, mudam as congéneres europeias, mantém-se a seleção africana e também o grau de dificuldade. Vamos conhecer os adversários de Portugal ao detalhe.
Depois de conquistar as primeiras medalhas em grandes competições (bronze no EHF Euro 2020; prata nos Mundiais de 2017 e 2019), a equipa masculina da Noruega perdeu alguma força no panorama internacional, como demonstra o 9.º lugar alcançado no mais recente Europeu, em janeiro deste ano ou os sextos lugares consecutivos nos Campeonatos do Mundo de 2021 e 2023. A mais modesta das três potências da Escandinávia, que já está apurada para o Mundial de 2025 e para o Europeu de 2026, como co-organizadora em ambas, não quer voltar a esperar ‘uma eternidade’ para voltar aos Jogos Olímpicos.
Presenças nos Jogos Olímpicos: 2 (1972, 2020). Entre a inédita qualificação olímpica da Noruega e a mais recente, passou quase meio século, 48 anos mais concretamente. Em Tóquio2020, o 7.º lugar conquistado superou o 9.º obtido em Munique, na década de ’70.
Em jogos oficiais, apenas em Fases Finais de grandes competições, ou nas respetivas qualificações, Portugal e Noruega defrontaram-se oito vezes. A primeira remonta ao ano de 1978, em Zurique (Suíça), no qual a Seleção Nacional venceu por 20-16 a contar para o Mundial do ‘Grupo C’, um formato já extinto. Em 2000, no Europeu que decorreu na Croácia, Portugal venceu por 27-30 – após prolongamento – antes de um Play-Off a duas mãos de acesso ao Europeu de 2004, que ditou um triunfo para cada lado com desfecho feliz para a Seleção Nacional, que avançou para a grande competição, deixando os nórdicos de fora. Depois disso, num passado mais recente, registaram-se três vitórias consecutivas para a Noruega (entre 2006 e 2023) e o duelo mais recente, que aconteceu há sensivelmente dois meses, ditou uma vitória épica dos Heróis do Mar, no arranque do Main Round do EHF Euro 2024, por 32-37.
Key players: Sander Sagosen (central), Kristian Bjørnsen (ponta-direira), Christian O’Sullivan (central).
Quando se fala em Campeonato das Nações Africanas, a Tunísia é – tem que ser – um dos primeiros nomes a serem falados. Isto porque nas 26 edições da prova, que teve início em 1974, os tunisinos conquistaram 25 medalhas (10 de ouro) e apenas por uma vez ficaram fora do top-3, em 2022. No que toca a Mundiais, depois da estreia em 1967, a Tunísia é desde 1995 presença assídua, tendo mesmo alcançado um 4.º lugar, em 2005, na edição que organizou.
Presenças nos Jogos Olímpicos: 4 (1972, 2000, 2012, 2016). As ‘Águias de Cartago’ obtiveram a melhor classificação de sempre em Londres 2012 e a pior no ano de estreia, em Munique – 16.º e último. A participação na edição de 1976, em Montreal (Canadá) não é contabilizada, uma vez que a Tunísia saiu de cena após dois jogos – resultado de um boicote africano que envolveu 22 países.
Portugal e Tunísia encontraram-se apenas três vezes no passado, em jogos oficiais, a última das quais no Torneio Pré-Olímpico em 2020, que terminou com uma vitória lusa por 34-27, em Montpellier. Os dois embates anteriores entre as duas seleções aconteceram em Fases de Grupos de Campeonatos do Mundo: primeiro em 1997, em que os africanos levaram a melhor por 18-19; e depois em 2003, com Portugal a triunfar por 27-26.
Key players: Oussama Boughanmi (ponta-esquerda), Mosbah Sanai (lateral-esquerdo), Mohamed Darmoul (central).
A jogar ‘em casa’ e face ao bom momento que atravessa, a Hungria pode perfeitamente ser vista como uma das favoritas a qualificar-se para os Jogos Olímpicos. Em janeiro deste ano, no EHF Euro 2024, os magiares conquistaram a melhor classificação de sempre nesta competição, sob o comando de Chema Rodríguez: o 5.º lugar, superando o 6.º alcançado em 1998.
Presenças nos Jogos Olímpicos: 8 (1936, 1972, 1976, 1980, 1988, 1992, 2004, 2012). À frente da Hungria, em número de participações nesta competição, estão apenas França, Dinamarca, Suécia e a recordista, Espanha (11). Egito e Alemanha têm as mesmas oito presenças olímpicas.
Na história, há seis jogos oficiais contados entre Portugal e Hungria. O mais recente, de boa memória para o nosso Andebol, aconteceu a 16 de janeiro de 2023, a contar para Campeonato do Mundo (27-20), na Suécia. Antes disso, houve uma vitória para cada lado: em 2022 a formação magiar venceu na Fase de Grupos do Europeu (30-31); e dois anos antes foi a vez de Portugal festejar um triunfo estrondoso no Main Round do EHF Euro 2020 (34-26). Na qualificação para o Europeu de 2016, no Grupo 5, a Hungria venceu por duas vezes e ambas pela margem mínima, primeiro em Miskolc (31-30) e depois em Santo Tirso (25-26). É preciso recuar até 1994 para se encontrar o primeiro confronto entre lusos e húngaros, em que Portugal perdeu por 18-19, no Europeu desse ano.
Key players: Bence Banhidi (pivô), Richard Bodo (lateral-esquerdo), Mate Lekai (central).
Olympic Qualification Tournament
Calendário – Grupo 3:
14.03.2024 – 17h30 – Noruega x Portugal, RTP2
16.03.2024 – 16h00 – Tunísia x Portugal, RTP2
17.03.2024 – 20h00 – Portugal x Hungria, RTP2
Todos os encontros contarão com transmissão em direto na RTP2.