Munique, Berlim e Colónia. Três cidades, quatro jogos e uma experiência para nunca mais esquecer para a única dupla internacional portuguesa a figurar nos quadros de arbitragem do EHF Euro 2024, que arrancou no passado dia 10 de janeiro e terminou este domingo, dia 28, com a França a conquistar o troféu ao fim de 10 anos. Daniel Martins e Roberto Martins mereceram a confiança da Federação Europeia de Andebol (EHF) para dirigir dois duelos na Ronda Preliminar e outros tantos no Main Round. Agora, os irmãos que caminham juntos no mundo da arbitragem há 23 anos (14 dos quais enquanto internacionais), querem continuar a voar nos grandes palcos internacionais.
O jogo de estreia, o mais especial, aconteceu a 12 de janeiro, na cidade de Munique, dois dias depois do arranque oficial do Europeu. Na emblemática Olympiahalle, Daniel e Roberto Martins dirigiram o Islândia x Sérvia, a contar para a 1.ª jornada do Grupo C da Ronda Preliminar, que terminou com um empate a 27 golos.
Dois dias depois, nova nomeação, mas desta vez na capital, Berlim. Macedónia do Norte contra Alemanha, numa Mercedes-Benz Arena repleta, não estivesse a jogar a seleção da casa, que venceu de forma tranquila (25-34), à Jornada 2 do Grupo A.
Seguiram-se mais dois jogos, agora no Main Round I e ambos na mítica Lanxess Arena, em Colónia, casa da Final 4 da EHF Champions League. O primeiro aconteceu a 18 de janeiro, entre Hungria e Áustria, equilibrado e emocionante, que fechou com um triunfo surpreendente dos austríacos, pela margem mínima (29-30). A despedida do EHF Euro 2024 para os Lusos foi a 22 de janeiro, a contar para a 3.ª jornada do Main Round I, entre Croácia e Islândia (30-35).
“Foi uma experiência fantástica. O nível altíssimo da organização, dos jogos, os pavilhões sempre ‘à pinha’, as cidades todas decoradas com a publicidade do Europeu, em todas as esquinas havia algo alusivo ao evento. Depois, também o facto de estarmos na elite, junto com os melhores árbitros do mundo, arbitrar os melhores jogadores e as melhores seleções. Foi realmente enriquecedor em todos os sentidos.” – considera Roberto Martins. Para o mais novo elemento da dupla, o balanço é “bastante positivo”.
Os lusos ficaram até à fase das decisões e não foram nomeados para o Final Weekend, mas a concorrência era de peso, conta:
“Ficámos até ao final do Main Round, só no último dia é que se decidiu quem eram as seis duplas que iam estar no Final Weekend e, das sete que restavam, fomos nós a preterida. Também porque as outras duplas que lá estavam são já muito conceituadas, todas elas com finais da EHF Champions League, EHF European League, Campeonatos da Europa, Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos no currículo. Para nós foi um grande prestígio termos ficado com estes árbitros até ao fim e, como foi o nosso primeiro Europeu, achamos que foi a cereja no topo do bolo.”
Roberto Martins garante ainda que o feedback que receberam por parte da EHF é também satisfatório e que a preparação física para este Europeu foi elogiada: “É um exemplo daquilo que eles pretendem para os árbitros de elite, esta forma física e esta entrega, esta dedicação ao treino, que é uma imagem positiva dos árbitros, do desporto e do andebol em particular.”
Integrar o lote restrito de 18 duplas de elite e terminar o EHF Euro 2024 no top-10 é sinónimo de um futuro risonho, com a esperaça de voltar a estar presentes nas grandes competições internacionais que se avizinham, considera o pombalense:
“Penso que este Europeu foi uma rampa de lançamento. Nas últimas épocas, principalmente nas duas anteriores, temos sido aposta da Federação Europeia de Andebol, esta nomeação também apareceu fruto do trabalho que temos desenvolvido, com estas exibições que fizemos no Europeu só podemos projetar coisas boas para o futuro. Também nos foi dito que vão contar connosco. Da nossa parte, compete-nos continuar a trabalhar, a apostar na arbitragem, a afirmarmo-nos no panorama internacional, com a noção de que nos aumenta a responsabilidade. Temos pelo menos mais oito anos pela frente.”
“O Andebol português está todo de parabéns!” – termina.
Recorde-se que no último Campeonato da Europa, organizado de forma conjunta por Hungria e Eslováquia, em 2022, a dupla internacional lusa formada por Duarte Santos e Ricardo Fonseca estava nomeada mas acabou por não marcar presença devido ao COVID. Portugal esteve representado pela mesma dupla internacional nas três edições anteriores do EHF Euro de forma consecutiva: 2016, 2018 e 2020.